Skip to main content

A resenha da edição nº 19 da Revista e-metropolis é sobre o livro “Changing Toronto: governing urban neoliberalism” que proporciona um entendimento amplo dos desdobramentos da agenda neoliberal em cidades à margem das metrópoles estadunidenses e europeias.

A resenha “Neoliberalização e governança metropolitana: uma análise da reestruturação urbana de Toronto” é um dos destaques da edição nº 19 da Revista eletrônica e-metropolis.

Neoliberalização e governança metropolitana: uma análise da reestruturação urbana de Toronto

Por João Monteiro

O livro “Changing Toronto: governing urban neoliberalism”, obra coletiva de Julie-Anne Boudreau, Roger Keil e Douglas Young, apresenta uma ampla reflexão sobre o processo de neoliberalização de Toronto, principal metrópole canadense e um dos mais importantes centros econômicos da América do Norte. O trabalho está dividido em doze capítulos que tratam de temas variados como meio-ambiente, economia, transporte e mobilização social. A partir de um enfoque sobre a governança urbana, os autores identificam os promotores das transformações, as variações escalares intrínsecas a cada um dos temas abordados e o desdobramento das novas políticas neoliberais implementadas a partir de meados dos anos 1990.

O primeiro capítulo introduz os leitores aos principais argumentos conceituais e teóricos que embasam os capítulos subsequentes. O pensamento de teóricos críticos como David Harvey e Neil Brenner ganha destaque nessa composição, que é complementada por referências a autores neo-foucaultianos. Os conceitos de “governamentalidade” e “tecnologias de poder” disseminados pelo filósofo francês são empregados para compreender a operacionalidade do neoliberalismo sobre as relações cotidianas, uma importante contribuição que nos faz refletir sobre a necessidade de entender o fenômeno de neoliberalização para além do campo da economia política.

Os capítulos 2 e 3 são complementares e trazem uma descrição sobre a reestruturação econômica e política de Toronto para os leitores menos familiarizados com o assunto. Um dos principais pontos abordados é a consagração da classe média como detentora do projeto de cidade e do discurso de urbanidade a partir dos anos 1980. Segundo os autores, essa ascensão política e estatística da classe média é resultado do deslocamento das unidades fabris e da tradicional classe operária para a periferia da região metropolitana, da intensificação do processo de gentrificação no núcleo urbano central e da afirmação de uma política urbana norteada pela criação de um ambiente atrativo para a chamada “classe criativa”.

A gestão do primeiro-ministro de Ontário, Mike Harris, ganha destaque no texto por lançar as bases da virada neoliberal através do desmantelamento das políticas de bem-estar social, da eliminação dos instrumentos de governança democrática e por gerar uma ampla redefinição de valores sociais, experiências e subjetividade urbanas pré-existentes.

No quarto capítulo, os autores examinam a formação da chamada “Megacidade de Toronto”, criada em 1998 por um decreto provincial que instituiu a fusão dos antigos municípios da região metropolitana. O capítulo sugere que essa fusão é representativa da conformação de um regime neoliberal e neoconservador na esfera provincial. Apresentada como uma solução mágica para enxugar as despesas públicas e fortalecer a competitividade da região metropolitana face ao recrudescimento da concorrência internacional, a criação de uma megacidade teve por objetivo dissimular os cortes orçamentários nos serviços urbanos e enfraquecer os grupos políticos de centro-esquerda prevalecentes na cidade de Toronto, diluindo-os no conservadorismo predominante dos subúrbios da região metropolitana.

Leia a resenha completa “Neoliberalização e governança metropolitana: uma análise da reestruturação urbana de Toronto” na Revista eletrônica e-metropolis.

 

Última modificação em 07-02-2015