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O e-book “Belo Horizonte: transformações na ordem urbana” analisa três décadas das mudanças na estrutura socioespacial da RMBH. Segundo Jupira Mendonça, o estudo aponta que, na última década (2000-2010), verifica-se a permanência da macroestrutura, com a concentração dos espaços superiores nas áreas centrais e a imagem dos anéis, em que os espaços vão se tornando mais operários e populares à medida que se afasta para as periferias geográficas da região metropolitana.

O e-book “Belo Horizonte: transformações na ordem urbana” apresenta no Capítulo 4 “As transformações socioespaciais na Região Metropolitana de Belo Horizonte” uma análise profunda sobre a organização do território da RMBH a partir do recorte das tipologias socioespaciais.

De acordo com Jupira Medonça, na década de 1980 a RMBH viu decrescer a participação dos trabalhadores do secundário no total da população ocupada, ainda que se mantivesse próxima da média nacional. “Uma particularidade da RMBH, dada pela expressão da indústria na região, é a representação do operariado do setor secundário nos espaços médios, situados nas áreas pericentrais do município-polo – nesse tipo de espaço há maior densidade do operariado estritamente industrial – ou seja, excetuando-se os trabalhadores da construção civil – no total do pessoal ocupado do que nos espaços populares”, explica Mendonça.

Do ponto de vista territorial, observa-se maior urbanização da região (com diminuição absoluta dos trabalhadores em ocupações agrícolas) e um movimento de mudança na direção de uma estrutura social mais complexa, com maior mistura entre os segmentos sociais. Tais mudanças podem ser percebidas na configuração socioespacial da região metropolitana, com a transformação dos espaços situados no chamado eixo industrial, a oeste, classificados em 1991 como Médio-Operário, resultado da mescla entre grupos operários e grupos médios, além de uma parcela de profissionais de nível superior. Os espaços centrais e pericentrais se elitizam, com maiores porções do território concentrando grupos sociais superiores – os espaços médio-superiores e médios se expandem.

Para os anos de 1990 o e-book “Belo Horizonte: transformações na ordem urbana” aponta para os impactos da mundialização da economia e dos processos de reestruturação produtiva, entre os quais, o início das mudanças no padrão centro-periférico que caracterizou as metrópoles do período desenvolvimentista. Na RMBH, surgiram novas tendências de organização territorial, destacando-se a expansão de loteamentos fechados no eixo sul de expansão metropolitana e o surgimento de projetos urbanísticos complexos, com residências, espaços de lazer e espaços comerciais – no início dos anos 2000, surgiriam edificações verticais nesse tipo de empreendimento. Inicia-se um novo processo de distribuição espacial da população metropolitana, que terá continuidade nas décadas seguintes, em novas direções – ainda que, mesmo no presente momento, se apresente na sua virtualidade, principalmente no que se refere ao Vetor Norte de expansão, dado que a maior parte das áreas ainda não está habitada.

“De um modo geral, persiste, no nível macro, a estrutura socioespacial característica das décadas anteriores: permanente concentração dos grupos sociais superiores nos espaços centrais do município polo (e sua extensão a sul); contínuo espraiamento dos grupos médios pelos espaços pericentrais de Belo Horizonte; consolidação da mescla de grupos médios e operários no eixo industrial e consolidação dos espaços populares na periferia norte”, afirma Jupira Mendonça.

Já para o ano de 2000 (figura 4.3), o que se verifica é a permanência dos processos iniciados nas décadas anteriores, destacando-se: a concentração dos tipos superiores e médio-superiores nos espaços centrais e pericentrais do município polo; a mescla de grupos operários e classes médias nos espaços centrais do eixo industrial (Eldorado, em Contagem, e Barreiro, em Belo Horizonte), caracterizando o tipo médio-operário; a presença de grupos médios nas sedes municipais (observado em Betim e Nova Lima, em 1991, e em Betim e Santa Luzia, em 2000); e concentração dos grupos operários e populares nas periferias. “O tipo Polarizado, por exemplo, característico do município de Nova Lima é resultante de uma composição social concentrada nas duas pontas da hierarquia social: de um lado, grupos dirigentes e profissionais de nível superior, proprietários de residências nos loteamentos fechados, e de outro, trabalhadores domésticos residentes nestas residências, ou nos povoados vizinhos”.

 

Faça o download do e-book “Belo Horizonte: transformações na ordem urbana”.

 

Última modificação em 19-03-2015