Classe, raça e gênero continuam definindo quem ocupa o topo e a base da estrutura social nas metrópoles brasileiras, mesmo após quatro décadas de transformações econômicas, demográficas e culturais. Essa é a principal conclusão do artigo “Interseccionalidade da Estrutura Social das Metrópoles Brasileiras: Mudanças e Permanências em Quatro Décadas”, assinado por Marcelo Gomes Ribeiro, Paula Guedes Martins Ferreira e Bianca Borges da Silva Leandro, pesquisadores do Núcleo Rio de Janeiro do INCT Observatório das Metrópoles. Publicado na revista Dados (v. 68, n. 3, 2025), o estudo investiga a evolução da estrutura social das principais metrópoles do país entre 1982 e 2022, integrando as dimensões de classe, raça e sexo.
A pesquisa utilizou as categorias sócio-ocupacionais do INCT Observatório das Metrópoles, articuladas com dados da PNAD e da PNAD Contínua do IBGE, para compreender como transformações econômicas, demográficas e sociais, como a desindustrialização, a ampliação do setor de serviços, a redução da fecundidade, o aumento da escolaridade e a implementação de políticas de ação afirmativa, impactaram a distribuição de posições sociais no Brasil urbano.
Os resultados do estudo revelam avanços, como a ampliação da presença de mulheres, especialmente brancas, e, de forma mais tímida, de pessoas negras em posições sociais mais elevadas. No entanto, persistem desigualdades estruturais: nas camadas superiores da estrutura social, brancos continuam a ter maior presença que negros; nas camadas inferiores, mantêm-se disparidades entre homens e mulheres e entre brancos e negros.
Segundo os autores, a análise interseccional é fundamental para identificar diferentes situações de desvantagem e desigualdade, evidenciando como as dimensões de classe, raça e gênero operam conjuntamente na produção e reprodução das hierarquias sociais. O estudo destaca, ainda, a influência de movimentos sociais, como o feminista e o movimento negro, na ampliação das oportunidades e na mudança da autodeclaração racial.

Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil).
Confira o resumo:
Este artigo aborda a evolução da estrutura social das metrópoles brasileiras sob a perspectiva da interseccionalidade, entre 1982 e 2022, analisando, de forma integrada, as dimensões de classe, raça e sexo. Para a aproximação da dimensão de classe utilizou-se as categorias sócio-ocupacionais do Observatório das Metrópoles, conjugadas com os dados raciais e de sexo disponíveis nos levantamentos domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados permitem afirmar que, apesar da ampliação de posições sociais mais elevadas para as mulheres, especialmente, e para as pessoas negras, de modo mais tímido, a parte superior da estrutura social das metrópoles brasileiras continua marcada pelas desigualdades de classe entre brancos e negros. Na parte inferior, todavia, a estrutura social continua expressando desigualdades entre homens e mulheres e entre brancos e negros. O estudo também evidencia a importância da análise interseccional em estudos populacionais a fim de se identificar diferentes situações de desvantagens e desigualdades sociais no Brasil..
Palavras-chave: estratificação social; interseccionalidade; desigualdade social; metrópole.
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