O INCT Observatório das Metrópoles e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ) foram homenageados, na última sexta-feira (29), pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro por sua contribuição histórica à defesa do direito à moradia digna e ao planejamento urbano inclusivo. As instituições receberam Moção de Louvor e Reconhecimento, em solenidade realizada no Salão Nobre Vereador Antônio Carlos Carvalho, que reuniu parlamentares, lideranças populares, pesquisadores e movimentos sociais no âmbito das comemorações pelo Dia Nacional da Habitação, celebrado em 21 de agosto.
O reconhecimento partiu de iniciativa da vereadora Thais Ferreira (PSOL-RJ), que entregou a moção ao pesquisador Filipe Côrrea, professor, coordenador da pós-graduação do IPPUR/UFRJ e pesquisador do Núcleo Rio de Janeiro do INCT Observatório das Metrópoles. A dupla homenagem sublinha a relação estreita entre IPPUR e Observatório, que compartilham trajetórias, pesquisadores e agendas de pesquisa voltadas ao enfrentamento das desigualdades urbanas.
- Foto: Guilherme Nery.
- Foto: Guilherme Nery.
Durante seu discurso, Filipe Côrrea ressaltou que a universidade deve estar ao lado da sociedade na luta pelo direito à cidade. “Quando falamos em habitação, falamos em moradia digna, um direito fundamental que articula infraestrutura, transporte, serviços públicos, cultura e segurança, ou seja, a possibilidade de viver a cidade de maneira plena, diversa e justa”, afirmou. Ele também fez críticas ao avanço da financeirização da moradia e ao papel do mercado imobiliário na exclusão urbana: “a transformação da moradia em ativo financeiro, como no caso dos fundos imobiliários ou empreendimentos voltados para plataformas de aluguel por temporada, revela como a lógica do rentismo e da especulação passou a comandar a produção do espaço urbano”.
Côrrea enfatizou ainda a relevância das alternativas construídas por meio da luta social e das práticas coletivas de produção habitacional: “As ocupações, as cooperativas e os mutirões autogestionários são protagonistas na luta pelo direito à moradia, porque revelam alternativas ao modelo dominante de produção da cidade”. Para ele, a aproximação entre universidade e movimentos sociais é estratégica: “Quando a universidade e os movimentos caminham juntos, criamos um espaço de aprendizado mútuo, produzindo conhecimento situado e conectado às práticas cotidianas de resistência”.
Além do Observatório e do IPPUR, a cerimônia também homenageou o Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Sem Teto (MTST), reconhecendo sua trajetória de quase 30 anos de organização popular. Militantes, ocupações urbanas e instituições parceiras foram lembrados como protagonistas da construção de cidades mais justas e inclusivas.
A mesa de honra, constituída pela vereadora Thais Ferreira, contou com a presença da deputada estadual Renata Souza; do deputado estadual Yuri Moura; do defensor público da União, Dr. Thales Treiger; do coordenador nacional do MTST, Gabriel Siqueira; da coordenadora do Núcleo de Terras e Habitação (NUTH) da Defensoria Pública, Dra. Marília Corrêa Pinto de Farias; da coordenadora do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Luiza Mahin, da FND/UFRJ, Mariana Trotta; e da militante do MTST, Márcia Beatriz. Também receberam homenagens o Instituto de Arquitetos do Brasil – Seção Rio de Janeiro (IAB/RJ), representado por sua presidente, Marcela Abla, e a conselheira do CAU/RJ, Dai Cândido.
- Foto: Guilherme Nery.
- Foto: Guilherme Nery.
Para a vereadora Thais Ferreira, as homenagens reforçam o compromisso com a luta pelo direito à cidade: “Nós sabemos que nós lutamos juntos, a gente não está falando de nenhum privilégio, a gente está falando de um direito, que se não nos é entregue, será com certeza conquistado pelos nossos braços, pelos nossos pés e pelas nossas mentes também”.
O evento reuniu cerca de 100 famílias organizadas pelo MTST e foi marcado por discursos fortes, denúncias de remoções em curso no estado e manifestações populares. A Câmara Municipal foi iluminada em vermelho como gesto simbólico em defesa da moradia digna e da luta popular.
Ao final da solenidade, aplausos e agradecimentos marcaram a reafirmação da luta contínua pela função social da propriedade, pela justiça urbana e pelo direito à cidade para todas e todos.

















