No último dia 07 de agosto de 2025, estiveram reunidos em Salvador, durante a XV Reunião de Antropologia do Mercosul, pesquisadores do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile na mesa intitulada “Ilegalismos, desigualdades y conflictos urbanos en contextos de polarización“. Participaram presencialmente Marcelo Rossal (UDELAR – Uruguai), Marjorie Murray (PUC Chile), Vera Telles (USP), Lenin dos Santos Pires (UFF) e Rafael de Aguiar Arantes (UFBA), pesquisador do Núcleo Salvador do INCT Observatório das Metrópoles. A mesa foi organizada por Mariano Perelman (CONICET/UBA – Argentina), que não pôde estar presente em razão dos desafios impostos às universidades argentinas pelo governo Milei.
A mesa-redonda propôs um espaço de intercâmbio para compreender, de forma comparada, a relação entre ilegalismos, conflitos urbanos e a produção e manutenção desses conflitos. O interesse, especificamente, era o de compreender essa relação de maneira situada e contextualizada. As preocupações que atravessam o debate remetem à reflexão sobre os ilegalismos, as novas e velhas desigualdades e os conflitos na situação atual das democracias latino-americanas. Foram discutidas questões como a crescente polarização, o avanço das novas direitas e as formas de gestão autoritária do espaço público, e de que modo esses processos transformam os ilegalismos, as desigualdades e as formas de ganhar a vida.
Ao mesmo tempo, a mesa buscou debater como os conflitos urbanos e as desigualdades, em contextos de polarização, geram formas de ação contextual, produzindo novas maneiras de viver na cidade. Em outras palavras, o objetivo foi colocar em comum as formas pelas quais os ilegalismos, as desigualdades e os conflitos urbanos estão produzindo modos de habitar e de ganhar a vida, bem como mostrar como as políticas estatais e os diferentes atores se inter-relacionam na produção desigual da cidade.
Rafael Arantes apresentou a comunicação intitulada “Segregação socioespacial e desigualdades raciais em Salvador“, derivada de artigos (links abaixo) desenvolvidos em conjunto com a professora Inaiá Carvalho (UFBA), que abordaram temas de tradicional interesse do Observatório das Metrópoles, como segregação socioespacial e efeito território. Considerando que Salvador possui cerca de 85% de sua população autodeclarada negra (pretos e pardos), a reflexão avançou por um recorte racial dessas desigualdades socioespaciais. A apresentação salientou a relevância da dimensão racial na compreensão dos fenômenos urbanos no Brasil, especialmente tendo em vista que, em parte, as desigualdades e conflitos urbanos em contextos de polarização no país perpassam e são perpassados pelos deslocamentos da situação interseccional do tecido social brasileiro ocorridos nas últimas duas décadas, conforme analisado por Costa (2025).
Veja também:
- “Cada qual no seu quadrado” Segregação socioespacial e desigualdades raciais na Salvador contemporânea | EURE
- TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA URBANA E DESIGUALDADES SOCIAIS: reflexões a partir da trajetória de Salvador | Caderno CCRH
REFERÊNCIAS
COSTA, Sérgio. Desiguais e divididos: uma interpretação do Brasil polarizado. 1. ed. São Paulo: Todavia, 2025. 224 p. ISBN 978-65-5692-776-3.















