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Crédito: RioOnWatch

O INCT Observatório das Metrópoles divulga o artigo da pesquisadora Patrícia Ramos Novaes que faz uma análise do processo de gentrificação das favelas da cidade do Rio de Janeiro. A autora aciona a tese de “gentrificação periférica” para interpretar as experiências de elitização das favelas da zona sul carioca. Esta ideia refere-se ao entendimento de que as favelas permaneceram como territórios populares e estigmatizadas pela marginalidade, porém com algumas partes destes espaços sofrendo processo de elitização, principalmente em termos do padrão de serviços e comércios ofertados, reforçando as dinâmicas de exclusão e reproduzindo, na escala micro, a estrutura socioespacial desigual e combinada de formalidade e informalidade da cidade.

O artigo Favelas e Gentrificação: ampliando o debate é mais um resultado do projeto “Planejamento Urbano e Direito à Cidade: conflitos urbanos e os desafios para a promoção da função social da propriedade no Brasil”, que por meio de uma pesquisa advocacy busca influenciar a definição de políticas urbanas na cidade do Rio de Janeiro. Desse modo, o projeto não apenas monitora a revitalização da região portuária, o Porto Maravilha, as transformações nas favelas da zona sul e os conflitos resultantes, como busca estratégias de incidência capazes de promover o direito à moradia e o direito à cidade.

Coordenado pelo professor Orlando Alves dos Santos Jr. (IPPUR/UFRJ), o projeto lançou  o relatório “Prata Preta —um levantamento inédito dos cortiços localizados na zona portuária do Rio de Janeiro” (2016) — que faz parte das ações em defesa do direito à moradia no contexto da Operação Urbana Porto Maravilha. E tem como objetivo dar visibilidade à situação econômica, social, cultural, jurídica e urbanística dos moradores dos cortiços da área central do Rio; e também identificar a demanda por regularização fundiária e habitação de interesse social.

Segundo Patrícia Ramos Novaes, várias questões aparecem no processo de gentrificação das favelas da zona sul carioca, como, por exemplo, a especulação imobiliária. “A introdução da dinâmica de mercado com ausência de mecanismos de regulações estatais, levou à especulação imobiliária e ao aumento dos valores de venda e aluguel praticados nas favelas. Como resultado, gerou-se processos objetivos e subjetivos de aumento do custo de vida e deslocamentos de moradores para outras partes da cidade e até mesmo para dentro das favelas”, aponta e completa:

“Neste sentido, entendemos que os processos de mercantilização e ‘integração’ da favela à cidade pelo consumo encontraram algumas barreiras. Lembramos as tentativas de organização da sociedade local que denunciaram a não correspondência entre os deveres que tiveram que assumir abruptamente e a qualidade dos serviços públicos prestados. Mas também é preciso levar em consideração que esses experimentos ocorrerem em territórios de favelas, marcados por uma configuração física bastante peculiar, por serem morros com alta densidade demográfica nas áreas ocupadas. Além disso, combinam estruturas viárias bastante precárias, que muitas vezes se tornam uma verdadeira barreira para um projeto de expansão urbana”.

Acesse o artigo completo Favelas e Gentrificação: ampliando o debate“.

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