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Com relatos de experiências coletivas populares no Brasil, em diferentes estágios de auto-organização, a coletânea “Da cooperação na cidade à cidade cooperativa” visa pensar o papel da cidade no projeto de construção de uma outra economia. Nesse sentido, contém referências para todos aqueles envolvidos na construção de uma economia popular e solidária e de uma sociedade democrática e igualitária.

A publicação foi organizada por Luciana Corrêa do Lago (professora do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social – NIDES/UFRJ e professora aposentada do IPPUR/UFRJ), Irene Mello (socióloga e mestre em planejamento urbano e regional pelo IPPUR/UFRJ) e Fernanda Petrus (arquiteta e urbanista, mestre em urbanismo pelo PROURB/UFRJ), todas pesquisadoras do Observatório das Metrópoles Núcleo Rio de Janeiro.

Segundo as organizadoras, as experiências relatadas estão inseridas no contexto de disputa em torno dos sentidos do trabalho. Diante da ideologia empreendedora, concepção de mundo hegemônica no capitalismo neoliberal que visa ressignificar o trabalhador autônomo como empreendedor, os casos apresentados expõem algumas das contradições do universo de práticas econômicas, demonstrando que as solidariedades e ajudas mútuas, especialmente no mundo popular, atravessam as relações de trabalho.

Publicada pela Editora Lutas Anticapital, a coletânea está organizada em onze capítulos, além da apresentação, e conta com a participação de diversos autores(as), incluindo Thais Velasco, também pesquisadora do Observatório das Metrópoles Núcleo Rio de Janeiro:

  • Apresentação (Luciana Corrêa do Lago, Irene Mello e Fernanda Petrus);
  • Cooperação e Estratégias Coletivas na Agricultura Familiar em Guapimirim-RJ: a experiência da AFOJO (Manuel Meyer e Fernanda Petrus);
  • A cooperação no trabalho de produção e comercialização em assentamentos de Reforma Agrária do Rio de Janeiro (Camila Rolim Laricchia, Layssa Ramos Maia de Almeida, Fernanda Santos Araújo, Iranilde de Oliveira Silva, Carlos Augusto Gouveia da Silva);
  • Conflito e resistência na periferia da cidade – a experiência coletiva dos catadores de recicláveis do lixão de Campos dos Goytacazes/RJ, 2010 -2019 (Érica Almeida);
  • Extensão e autogestão: um relato a partir da experiência na ITCP/UNICAMP (Isadora Garcia);
  • O mutirão habitacional autogerido como estratégia política e de cooperação (Thaís Velasco);
  • A experiência construtiva autogestionária da Cooperativa Liga Urbana na Ocupação Manoel Congo (Amanda Azevedo);
  • Autogestão na Ocupação Solano Trindade: o trabalho coletivo e a luta pela moradia (Fernanda Petrus);
  • O Banco Bem e a Associação Ateliê De Ideias de Vitória/ES: uma análise da dimensão territorial nas práticas associativas (Gustavo Resgala);
  • Bancos comunitários como estratégia de desenvolvimento local: o caso do Banco Mumbuca (Roman Bertoldo Coutinho);
  • Empresas recuperadas por trabalhadores no Brasil e a autogestão na prática (Flávio Chedid Henriques, Vanessa Moreira Sígolo, Fernanda Santos Araújo, Vicente Aguilar Nepomuceno de Oliveira);
  • O que as experiências coletivas populares nos dizem sobre as possibilidades de uma cidade cooperativa (Luciana Corrêa do Lago, Fernanda Petrus e Irene Mello).

A seguir, confira a apresentação da obra:

Reunimos nessa coletânea um conjunto diverso de experiências coletivas de trabalho: muitas vinculadas a movimentos sociais, outras a projetos de extensão universitária, algumas com incentivos diretos de políticas públicas, grande parte desenvolvendo atividades urbanas e uma pequena, atividades rurais.

Todas, no entanto, convergem para o desafio comum de se alcançar a necessária unidade produção-circulação-consumo de bens e serviços por meio de conexões e redes, para o desenvolvimento de uma economia solidária e sustentável. Frente a tal desafio, a cidade emerge como espaço potente, como força produtiva socializada para a reprodução da vida. A cidade é a escala intermediária entre o comunitário e o nacional/global, a escala dos sistemas de troca e de circulação cotidiana de pessoas e produtos.

A circulação cotidiana extrapola os limites do que entendemos como cidade. Vemos essa extrapolação nas experiências ecológicas de produção de alimentos orgânicos, de saneamento e de reciclagem de resíduos sólidos, aqui relatadas, que nos remetem à dicotomia campo-cidade.

As experiências solidárias são práticas embrionárias de superação dessa dicotomia, ou seja, de superação da dominação da cidade sobre o campo. A cidade cooperativa é a imagem síntese dessa superação.

A coletânea está disponível em nossa Biblioteca Digital.