Skip to main content
Vista aérea Ipatinga, Vale do Aço, Minas Gerais

Vista aérea Ipatinga, Vale do Aço, Minas Gerais (Crédito Prefeitura de Ipatinga)

As Regiões Metropolitanas brasileiras criadas com a Lei Complementar nº 14 de 1973 recebiam em sua nomenclatura uma referência expressa às cidades polos. No entanto, isso não ocorre com a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), localizada no interior do estado de Minas Gerais, visto que não expressa em seu nome a cidade polo da área. Neste artigo, Romerito Valeriano da Silva e Leônidas C. Barroso mapeiam os 26 municípios que compõem a RMVA a fim de demonstrar aqueles que exercem maior centralidade. O resultado expõe a elevada desigualdade de desenvolvimento dessa região mineira, com cidades com grandes potencialidades e outras bastante vulneráveis.

O artigo “Conhecendo a Região Metropolitana do Vale do Aço e seu colar metropolitano” é um dos destaques da Revista eletrônica e-metropolis nº 10. Para ler a versão completa, acesse aqui.

 

RM do Vale do Aço

A criação da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) em 1998 foi a legitimação de um processo de conurbação acompanhado por uma intensa integração funcional entre quatro municípios do Vale do Rio Doce: Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso. De acordo com dados do Censo do IBGE de 2010, essa região metropolitana tem cerca de 450.000 habitantes.

A Região Metropolitana do Vale do Aço se enquadra no grupo das regiões metropolitanas emergentes ou incipientes por não ter uma cidade que ocupe de forma contundente a função de cidade polo (Olic, 2003). Em 2006 a lei complementar nº 90 (Minas Gerais, 2006) apresentou um grupo de municípios que, por estarem no entorno da RMVA, são considerados áreas de expansão da RMVA, e por isso, foram inseridos no chamado Colar Metropolitano da RMVA: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Córrego Novo, Dom Cavati, Dionísio, Entre-Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, Pingo-d’Água, São José do Goiabal, São João do Oriente, Sobrália e Vargem Alegre.

Os 26 municípios (quatro da RMVA e 22 do colar metropolitano) estão localizados na região leste de Minas Gerais em uma área atravessada por importantes rodovias (BR 381 e 458) e pela ferrovia Vitória Minas (mapa 01), a cerca de 220 km da capital estadual, Belo Horizonte, e no meio do Corredor de Exportação que é usado para escoamento da produção do quadrilátero ferrífero (MG) até o porto de Tubarão, no estado do Espírito Santo.

A emancipação dos municípios dessa área esteve diretamente vinculada à função da região como ponto de passagem da ferrovia Vitória Minas, estratégica para atender à demanda estrangeira pelos minerais metálicos do quadrilátero ferrífero. O período desenvolvimentista que caracterizou o Brasil entre as décadas de 1950 e 1970 criou as condições políticas e econômicas que levaram essa região a ser escolhida pelo governo brasileiro e pelo capital privado estrangeiro para a instalação de importantes indústrias de bens de produção intermediários: duas siderúrgicas, a Usiminas em Ipatinga e a Acesita em Timóteo; e uma fábrica de celulose, a Cenibra, em Belo Oriente. Com a instalação do parque fabril nessas cidades começa a longa relação entre essa região e a produção de aço, que levará tal área a deixar de ser conhecida como o vale de um rio, no caso o Rio Doce, para ser conhecida como o Vale do Aço.

Vários fatores foram considerados para que esses municípios fossem escolhidos para a implantação das referidas indústrias, entre eles, vale destacar: topografia relativamente plana para os padrões do estado de

Minas Gerais, localização a meio caminho entre as fontes de matéria-prima (quadrilátero ferrífero) e os mercados consumidores (porto no estado do Espírito Santo), facilidade de acesso a recursos hídricos (Rio Piracicaba, afluente do Rio Doce) e, fundamentalmente, a proximidade da malha ferroviária (Estrada de Ferro Vitória Minas).