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Consórcios públicos de saneamento no Brasil

By 04/04/2013dezembro 11th, 2017Notícias

Observatório-Funasa: consórcios públicos de saneamento no Brasil

O INCT Observatório das Metrópoles produzirá estudo inédito no Brasil: um banco de dados eletrônico com a sistematização das informações referentes às experiências de consórcios públicos de saneamento no país. Sob a coordenação da professora Ana Lúcia Britto (PROURB/UFRJ) e com recursos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e CNPq, o projeto visa propor um novo caminho para a gestão dos serviços de saneamento básico a partir da constituição de espaços institucionais de cooperação interfederativa. Serão produzidas ainda cartilha de boas experiências e mais metodologia para incentivar o consorciamento entre municípios.

O projeto “Instrumentos metodológicos para estimular a formação de consórcios públicos voltados para gestão integrada dos serviços de saneamento” será desenvolvido no âmbito do Programa de Pós Graduação em Urbanismo (PRORB/UFRJ), sob a coordenação da professora Ana Lúcia Britto, e com recursos da Funasa e CNPq, e representa mais uma ação do INCT Observatório das Metrópoles em prol da promoção de políticas públicas que pensem a gestão dos territórios urbanos de forma integrada e cooperativa.

Segundo Ana Lúcia Britto, a fraca capacidade financeira de grande parte dos municípios brasileiros está na origem das dificuldades enfrentadas para que a gestão dos serviços de saneamento básico atenda o princípio de integralidade explicitado na Lei n. 11.445/2007 (Lei do Saneamento). “Um caminho profícuo para enfrentar este desafio da integralidade está na constituição de espaços institucionais de cooperação interfederativa. A nossa proposta é, em uma primeira etapa, levantar as experiências nacionais e internacionais já implantadas, indicando a natureza dos consórcios, as diretrizes, resultados alcançados e a suas perspectivas de sustentabilidade, bem como, realizar uma avaliação da sua base legal. As informações serão sistematizadas em banco de dados. Em uma segunda etapa, a partir da análise das experiências, discutir os âmbitos territoriais ótimos para a gestão dos serviços de saneamento e elaborar instrumentos metodológicos para apoiar a formulação de consórcios voltados para a gestão integrada desses serviços”, afirma a professora.

Gestão associada de Serviços Públicos

O projeto toma por base a Lei nº 11.107/2005 – Lei de Consórcios Públicos e da Gestão Associada –, regulamentada pelo Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007, e que tem como objetivo proporcionar a segurança político-institucional necessária para o estabelecimento de estruturas de cooperação intermunicipal e solucionar impasses na estrutura jurídico-administrativa dos consórcios. Ela surgiu em função de uma necessidade real de equacionar uma gestão sustentável dos serviços em pequenos municípios, aglomerações urbanas e regiões metropolitanas.

De acordo com Britto, no que diz respeito ao saneamento básico, a implementação de programas e o desenvolvimento de projetos e mesmo as diferentes funções de gestão de serviços (suporte ao planejamento, regulação, fiscalização, prestação) podem vir a ser feitas de forma consorciada. Esse aspecto é reforçado pela Lei nº 11.445/2007, que permite ao município, através do arranjo de colaboração federativa, se articular formalmente com outros municípios (e, eventualmente, com o estado e, ou, a União) para exercer consorciadamente determinadas competências, sejam as de natureza indelegável, sejam aquelas delegáveis nos termos do art. 8° da referida Lei.

“Porém como são formas de articulação voluntária, a formação de consórcios depende da ruptura de uma visão fragmentada que hoje caracteriza a gestão das cidades, marcada por disputas político-partidárias e por uma situação de competição entre municípios, e a adoção de uma nova visão, baseada na cooperação”, argumenta Ana Lúcia e completa:

“Não existe levantamento que possibilite caracterizar os consórcios na área de saneamento firmados pós Lei nº 11.107/2005, mas se sabe que as experiências ainda são pouco numerosas e que muitos municípios desconhecem as potencialidades da cooperação com outros entes federados por meio do estabelecimento de consórcios públicos”.

Justificativa
 
Os marcos regulatórios relativos à cooperação interfederativa, ao saneamento básico e à gestão de resíduos sólidos são recentes; as experiências em desenvolvimento são pouco conhecidas; a discussão dos territórios ótimos de gestão está dando seus primeiros passos. Portanto, mapear essas experiências, sistematizando avanços e impasses, difundindo amplamente as práticas bem sucedidas, assim como discutir metodologias para que agentes públicos como a Funasa possam vir a fomentá-las parece fundamental.
Não existe nenhum banco de dados sobre experiências de consórcios no Brasil. Recentemente, em agosto de 2011, com apoio da Frente Nacional dos Prefeitos, da Caixa Econômica Federal e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi criado o Observatório dos Consórcios Públicos e do Federalismo, mas a experiência está começando e a proposta do projeto “Instrumentos metodológicos…” (PROURB/Observatório das Metrópoles) é de se vincular a esta iniciativa.
Também são poucos os estudos das experiências internacionais de consórcios, e particularmente sobre consórcios em saneamento. Algumas iniciativas de mapear estas experiências foram feitas no âmbito de estudos e seminários apoiados pelo PMSS- Ministério das Cidades, porém falta um instrumento ( Banco de Dados) que possibilite a difusão contínua e sistemática dessas experiências.
As dimensões do território nacional, a baixa capacidade institucional de grande parte das prefeituras brasileiras e os problemas inerentes à descontinuidade administrativa, fazem com que muitos gestores municipais ainda desconheçam as potencialidades dos novos marcos regulatórios. Fazem-se necessários, portanto, instrumentos simples e eficazes para informar as prefeituras sobre as novas potencialidades aportadas pela Lei 11.107/05 para a gestão integrada do saneamento. Guias e cartilhas, cuidadosamente elaborados, e disponibilizados em formato web na página da FUNASA, podem vir a ser instrumentos importantes para difusão da informação.
Metas
 
Dentre os objetivos/metas do projeto “Instrumentos metodológicos para estimular a formação de consórcios públicos voltados para gestão integrada dos serviços de saneamento”, destacam-se:
– Identificar experiências internacionais de cooperação e consorciamento voltados para a gestão dos serviços de saneamento, apontando potencialidades para replicação na realidade brasileira.
– Identificar e mapear experiências nacionais de consórcios na área de saneamento, a partir de diferentes fontes de pesquisas, explicitando sua base legal, seus objetivos, e suas perspectivas de sustentabilidade.
– Construir um banco de dados eletrônico com a sistematização das informações referentes às experiências de consórcios de saneamento no Brasil e metodologia para sua alimentação.
– Elaborar estudos de caso sobre experiências exemplares de consórcios atuando na perspectiva da gestão integrada do saneamento.
– Elaborar um guia para os municípios explicitando o conteúdo da Lei 11.107/05 e de seu decreto de regulamentação e indicando estratégias e procedimentos para a construção de consórcios intermunicipais.
– Elaborar uma cartilha de boas experiências explicitando para os prefeitos as vantagens dos consórcios de saneamento.
– Elaborar uma metodologia de atuação da FUNASA junto aos Comitês de Bacia Hidrográfica para que os mesmos atuem como catalisadores do consorciamento entre municípios e estados para atividades relacionadas à gestão integrada dos serviços de saneamento.
– Estimular a produção de trabalhos acadêmicos sobre consórcios voltados para a gestão dos serviços de saneamento, tais como artigos, dissertações, monografias.
– Realizar uma oficina para agentes públicos municipais sobre formação de consórcios voltados para a gestão integrada do saneamento, com apoio da Secretaria Estadual de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro.
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Última modificação em 04-04-2013