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IBEU no Caderno Mobilidade Urbana da Folha

O Jornal Folha de São Paulo publicou no último sábado (12/10) um Caderno Especial sobre Mobilidade Urbana, com destaque para o debate sobre o transporte nas grandes cidades brasileiras.

O INCT Observatório das Metrópoles colaborou com o jornal disponibilizando os resultados do “Índice de bem-estar Urbano – IBEU Mobilidade”, com os mapas sobre o tempo de deslocamento casa-trabalho nas metrópoles brasileiras. A região metropolitana do Rio de Janeiro ficou com o pior resultado: nela as pessoas perdem em média 47,3 minutos só no percurso de ida para o trabalho. Veja os resultados das nossas pesquisas sobre mobilidade urbana.

Leia:

FOLHA: Trajeto entre casa e trabalho é pior no Rio que na capital paulista

FOLHA: Caderno Especial sobre Mobilidade Urbana

 

Mobilidade urbana é pior em São Paulo e Rio de Janeiro

Segundo os dados do Censo 2010, nas principais metrópoles brasileiras mais de 13 milhões de pessoas se deslocam diariamente entre os municípios, seja para trabalhar ou estudar. Metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro não suportam mais deslocamentos baseados predominantemente no automóvel individual. É o que mostra os resultados do IBEU Mobilidade. Ao analisar o indicador deslocamento casa-trabalho nas 15 principais regiões metropolitanas do país, o INCT Observatório das Metrópoles verificou que em São Paulo o bem-estar urbano em relação à mobilidade é 17 vezes menor do que a média; na região metropolitana do Rio é 37 vezes menor.

IBEU MOBILIDADE URBANA

Por Juciano Martins Rodrigues

Segundo dados do Censo 2010, para chegar até seus locais de trabalho, aproximadamente 24,2 milhões de pessoas se deslocam diariamente nas 15 metrópoles brasileiras. Destas, 6,8% levam o tempo de até cinco minutos no trajeto casa-trabalho e 39% gastam entre seis minutos e meia hora no mesmo trajeto. Ainda deste total de pessoas, outros 33% gastam entre meia hora e uma hora e, aproximadamente, 21% leva mais de uma hora no trajeto entre sua residência e seu local de trabalho.

Estudo recente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico (IPEA) mostra, ainda, que em todas as principais regiões metropolitanas brasileiras entre 1992 e 2009 ocorreu aumento no tempo médio de deslocamento casa-trabalho (PEREIRA; SCHWANEN, 2013). Essa crescente precarização das condições de deslocamento, sobretudo nas metrópoles, tem feito com que o tema da mobilidade urbana ocupe cada vez mais espaço no debate público no Brasil. A questão da mobilidade aparece com mais frequência no noticiário em geral, nos veículos de internet, nos debates nas redes sociais, em websites oficiais do governo e, agora com mais presença, nas publicações acadêmicas.

Estes meios estão repletos de uma quantidade quase infinita de conteúdo sobre este assunto. Por trás dos indicadores mais gerais e das informações mais genéricas, que indicam a piora das condições de deslocamento, está uma realidade ainda mais preocupante. Trata-se do fato de que boa parte da população urbana ainda não se encontra inserida numa estrutura de oportunidades – onde se inclui a capacidade de deslocamento – que lhe garanta melhores condições de empregos e renda, como mostram alguns estudos (RIBEIRO, SOUZA e RODRIGUES, 2010).

Em outras palavras, as formas precárias e insuficientes de deslocamento asseguradas por um sistema de mobilidade ineficiente gerariam efeitos contrários aos ganhos de renda obtidos pelos trabalhadores na atual conjuntura de geração emprego. Ribeiro, Souza e Rodrigues (2010) em um estudo sobre a região metropolitana do Rio de Janeiro, constataram, por exemplo, que ao comparar as rendas médias de trabalhadores semelhantes em termos de escolaridade, cor, sexo e tipo de ocupação, mas moradores em áreas com fortes diferenças de mobilidade urbana, a diferença pode chegar a 22,8%.

O impacto causado pelas dificuldades de deslocamento no acesso ao emprego e à renda muitas vezes se deve a concentração da oferta de trabalho nas áreas centrais, ao mesmo tempo em que observamos o crescimento da população moradora nas periferias distantes. Alem disso, a disjunção entre espaços do emprego e da moradia é, sem dúvida nenhuma, incentivada e agravada pela autolocomoção e o deslocamento é ainda mais prejudicado pela desregulação e do abandono do sistema de transportes publico de massa.

Com isso, o crescente tempo despendido pelos moradores das metrópoles em seus deslocamentos diários aparece, atualmente, como um dos grandes problemas das grandes cidades, com fortes impactos, também, sobre as condições de bem-estar urbano. O objetivo deste capítulo é oferecer elementos para o entendimento da situação atual dos deslocamentos diários nas principais regiões metropolitanas do Brasil como uma dimensão do bem-estar urbano. Para isto, utilizamos o IBEU, indicador calculado para três escalas de representação distintas (região metropolitana, município e área de ponderação). Além dessa possibilidade de abordagem multiescalar, o mapeamento dos resultados permite estabelecer um enfoque também comparativo à medida que, em cada uma dessas escalas, o resultado do IBEU de cada espaço foi definido em função do relacionamento existente entre os demais espaços.

Leia a análise completa sobre o IBEU Mobilidade aqui.

 

Última modificação em 15-10-2013 20:09:53