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Em tempos de pandemia: contribuições do Observatório das Metrópoles Núcleo Natal” foi o tema da live que ocorreu na última quinta-feira, 16, no canal do Observatório no Youtube. A transmissão contou com a participação das professoras do Departamento de Políticas Públicas da UFRN e pesquisadoras do Núcleo Natal, Raquel Maria da Costa Silveira, Lindijane de Souza Bento Almeida, Ruth Maria da Costa Ataíde e Zoraide Souza Pessoa. A live também marcou o lançamento do e-book organizado pelo núcleo, com análises acerca dos efeitos da COVID-19 na Região Metropolitana de Natal, no estado do Rio Grande do Norte e na Região Nordeste. A publicação está disponível em nosso site, CLIQUE AQUI.

“Este e-book foi organizado pela professora Maria do Livramento Clementino, que é coordenadora do Núcleo Natal, além da professora Lindijane Almeida e pelo mestrando Bruno Costa. É um esforço coletivo dos pesquisadores do núcleo, nas mais diversas formas de atuação, com um olhar voltado para o contexto da pandemia”, observou Raquel Silveira. Para Lindijane Almeida, o objetivo maior foi trazer as contribuições do núcleo a partir das discussões, debates e produções dos pesquisadores. “O ano de 2020 vem sendo marcado pela crise sanitária e isso nos levou a pensar, a partir de março, em rever as nossas pesquisas e entender um pouco desse contexto. Percebemos que tínhamos acumulado um trabalho que seria importante divulgar para mostrar a ciência que vem sendo desenvolvida no Observatório, a partir do nosso esforço coletivo, apresentando à sociedade o resultado das pesquisas neste e-book”, ressaltou.

A pesquisadora Ruth Ataide aponta que os Capítulos 8 e 9 (“Quem tem fome tem pressa” e “A pandemia da COVID-19 e suas prioridades”) foram desenvolvidos a partir das ações do Fórum Direito à Cidade, projeto de extensão coordenado por ela e por professores de políticas públicas. “Temos monitorado, desde que a pandemia se instalou, o acompanhamento das ações relacionadas com as políticas, mas também como as populações vulneráveis estão se relacionando com elas. Destacamos os problemas enfrentados pela população em situação de rua, inclusive no que se refere ao acesso ao auxílio emergencial e a falta de infraestrutura nos serviços básicos. A universalização da oferta desse serviço deve ser dirigida a todos, por isso, a necessidade de continuar a defendendo”, pontua.

Segundo a pesquisadora Zoraide Pessoa, a Região Metropolitana de Natal se insere totalmente no contexto de alastramento da doença, porque não apresenta as condições necessárias de infraestrutura básica para conter e mitigar de forma mais ampla seus efeitos sobre o seu território e suas populações. “No Capítulo 11 é apresentada uma reflexão sobre os impactos e vulnerabilidades decorrentes da estagnação que os setores produtivos estão enfrentando, em particular o setor turístico, que está totalmente esfacelado, não apenas a nível da Região Metropolitana de Natal, mas num contexto nacional e mundial. Esse segmento agrega um potencial enorme de trabalhadores informais e que representam a dimensão da vulnerabilidade que complementa todo o processo em que essas populações ficam mais vulneráveis e fragilizadas”, pondera.

O Capítulo 13 fala do plano de ação para a COVID-19 nos territórios em situação de vulnerabilidade em Natal e sua Região Metropolitana. “É um chamamento e um clamor diante das mais de 1.400 vidas potiguares que foram ceifadas nesse momento pela pandemia. Então, esse plano reflete essa realidade e trata de dimensionar preventivamente respostas que possam atender, sobretudo, às populações em situações de maior vulnerabilidade e potencial risco de contrair a doença. Fecha todos os 13 capítulos que compõem o e-book de forma bastante significativa e marcando toda a contribuição efetiva, contínua e diária, desde o mês de março, de todos os pesquisadores do Núcleo Natal”, analisa a pesquisadora.

Confira o registro:

Na última terça-feira, 21, o tema foi “Densidade e Cidade: discussões do Planejamento Urbano e Regional, Demografia e Campo de Públicas”. A live contou com a participação do presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR), Márcio Moraes Valença e pelo presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), Ricardo Ojima, com moderação da pesquisadora do Observatório das Metrópoles Núcleo Belo Horizonte, Jupira Mendonça. O presidente da Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ANEPCP), Edgilson Tavares de Araújo, também foi convidado para o debate, porém não pode participar por motivos de saúde.

“Durante a pandemia, a densidade na cidade apareceu como um problema, já que desfavorece o isolamento social. Políticas urbanas são necessárias para transformar áreas densas, ativas e vibrantes em áreas agradáveis para o encontro, para o caminhar lento, para o cruzamento de vários modais de transporte, para viabilizar o comercio local, etc. A densidade está em todos os ambientes da vida social que interessam”, explicou a pesquisadora Jupira Mendonça. Conforme Márcio Valença, a discussão sobre a densidade é importante porque ressurge de tempos em tempos. “O novo urbanismo, na década de 80, bem como a discussão sobre cidade caminhável e o novo termo que surgiu há pelo menos quinze anos, chamado mobilidade urbana, que é hoje talvez o termo mais importante para se discutir, porque você tem que agregar a discussão dos transportes públicos, que são rápidos, colocando no mesmo plano a questão dos transportes mais lentos, como as bicicletas, por exemplo. Toda vez que há uma discussão sobre qualidade de vida na cidade o tema da densidade retorna para a nossa agenda”, ressalta.

Segundo Valença, com a COVID-19, o tema “densidade” volta para a discussão nos noticiários, que a trazem como vilã e responsável por todos os males ocorridos nos últimos meses. “Precisamos, sim, resolver este problema da densidade para que a sociedade possa ter a qualidade de vida que a gente quer. Afastamento, distanciamento social, quarentena, isolamento, lockdown e toque de recolher são as palavras de ordem no momento. Essas palavras são tudo que a gente não quer para depois que isso passar”, corrobora Valença. Para Ricardo Ojima, a questão do trânsito na cidade adensada é de suma importância. Segundo ele, a frota de veículos cresce num ritmo muito maior que o crescimento da população, tanto que, entre 2000 e 2010, a variação da população foi de 12%, enquanto o aumento da frota de automóveis de uso particular foi de 77%.

“São várias as questões que rebatem sempre nessa percepção de que mais gente é ruim, mais gente sempre vai ter como consequência maior densidade demográfica, e isso não necessariamente acontece, inclusive podemos ter situações onde isso é justamente o contrário. Então, uma população que possa estar em ritmo decrescente em algumas cidades, pode ter uma população mais envelhecida que vai pressionar a ocupação de mais domicílios e quantidade maior de veículos, porque essa população justamente é mais envelhecida. Temos que desmistificar esse viés malthusiano na percepção das nossas cidades, porque mais gente tem impactos, mas existem outras variáveis que talvez sejam mais relevantes para entendermos, do que exatamente o volume populacional ou exclusivamente a densidade demográfica”, pondera Ojima.

Confira o registro: