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Em artigo publicado na Espaço e Economia – Revista Brasileira de Geografia Econômica, José Borzacchiello da Silva¹ e Alexsandra Maria Vieira Muniz² analisam as consequências do coronavírus em Fortaleza (CE), considerando a intrínseca relação da pandemia com o desenvolvimento do capitalismo e suas desigualdades e contradições.

Foto: Prefeitura de Fortaleza.

Intitulado “Pandemia do coronavírus no Brasil: impactos no território cearense“, o texto apresenta, através de pesquisa bibliográfica e estatística, que a maior concentração de casos de COVID-19 ocorre na capital cearense, especificamente na Secretaria Regional II, onde residem 13,50% da população da cidade.

A Regional II inclui 20 bairros e é caracteristicamente marcada pela segregação social, sendo uma região com bairros que concentram boa estrutura física, belas avenidas e prédios, áreas verdes, serviços, comércio, bons equipamentos sociais e, ao mesmo tempo, localidades com estrutura urbana precária, sem a presença de equipamentos e ações de natureza pública.

Nesse sentido, os autores destacam a possibilidade da COVID-19 atingir velozmente pessoas mais vulneráveis, em razão da grande densidade populacional e das precárias condições sanitárias. Ao final, concluem que o coronavírus é mais que uma crise pandêmica, é também social, econômica, espacial, e, notadamente uma questão geopolítica, de luta de classes e aprofundamento do capitalismo em sua versão mais perversa.

Confira o resumo:

A pandemia provocada pelo novo coronavírus colocou os territórios do mundo todo em alerta. Um complexo xadrez geopolítico insere esta pandemia no contexto de bruscas mudanças no cotidiano globalizado. Tendo como objetivo maior explicitar as consequências da COVID-19 no território brasileiro e em particular no Estado do Ceará, com ênfase em Fortaleza, sem perder de vista a intrínseca relação com o desenvolvimento do capitalismo e as desigualdades e contradições a este inerentes, realizou-se pesquisa bibliográfica e estatística com construção de mapas, gráficos e tabelas que permitiram a territorialização e evolução temporal comparativa. Dentre os resultados, tem-se que o Ceará é o terceiro estado em número de casos. Isto deve-se não somente a intensificação destes, mas à rapidez da testagem, favorecendo a continuidade de implementação do plano estadual estratégico. Na escala estadual a concentração maior ocorre na capital, em bairros com maior IDH, onde residem pessoas de classe média e alta, sendo os demais casos na região metropolitana e interior do estado com tendência para velocidade de difusão menos concentrada nos municípios do estado. A Regional II que se sobressai na capital é marcada pela segregação social e espacial, aspecto emblemático da cidade de Fortaleza. Soma-se a isto, o fato do coronavírus vir rapidamente se propagando para outros bairros da cidade, agravando ainda mais as precárias condições de moradia das periferias com desigual acesso às redes de abastecimento de água e esgotamento sanitário, atingindo notadamente os mais vulneráveis que são em maior número, o que é motivo de intensa preocupação, uma vez que o serviço de saúde não comportará tamanha demanda em curto espaço de tempo. O clima de pânico está instaurado e emerge a certeza que Fortaleza não será a mesma quando superada essa fase de expansão da contaminação. Conclui-se que o coronavírus é mais que uma crise pandêmica, é também social, econômica, espacial, e, notadamente uma questão geopolítica, de luta de classes e aprofundamento do capitalismo em sua versão mais perversa.

Para acessar o artigo completo, CLIQUE AQUI.

¹ Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da PUC-Rio. Pesquisador do Observatório das Metrópoles Núcleo Fortaleza.

² Professora Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisadora do Observatório das Metrópoles Núcleo Fortaleza.