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Elcileni de Melo Borges durante a defesa da sua tese na UFG

Elcileni de Melo Borges durante a defesa da sua tese na UFG (Crédito: Reprodução/UFG)

A Universidade Federal de Goiás (UFG) formou a primeira doutora deficiente auditiva da história da instituição. Elcileni de Melo Borges defendeu, no dia 26 de junho, a sua tese “Habitação e Metrópole: transformações recentes na dinâmica urbana de Goiânia”, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais (PPGeo/Iesa). O trabalho teve como objetivo mapear a produção habitacional da RMG entre 2005 e 2016, e identificar os impactos na reconfiguração urbana da metrópole goianiense. Elcileni de Melo Borges integra a Rede INCT Observatório das Metrópoles e a nossa equipe lhe dá os parabéns por essa conquista.

A tese foi orientada pela profª Drª Celene Cunha A. Monteiro Barreira (PPGeo-IESA/UFG), e co-orientada pelo Profº Drº. Dr. Aristides Moysés (MDTP/PUC.GO), ambos integrantes da Rede INCT Observatório das Metrópoles. Durante a defesa da tese, a pesquisadora e sua banca examinadora se comunicaram por meio de plataformas multimídia. Tais ferramentas possibilitaram tanto a participação das professoras Lucía Zanin Shimbo (IAU/USP — São Carlos), em São Paulo, e Eduarda Pires Marques da Costa (IGOT/Universidade de Lisboa), em Portugal, como a compreensão de Elcileni. O que era pronunciado, presencialmente ou a distância, uma colaboradora transcrevia simultaneamente e ela podia ler e responder de imediato.

Essa alternativa foi usada durante os quatro anos em que a pesquisadora frequentou as atividades do PPGeo. “Uma aluna ouvinte legendava as aulas pela plataforma Google Docs e eu conseguia ler de forma instantânea. Era como se fosse um ‘closed caption’. Com isso, obtive aproveitamento suficiente em todas as disciplinas”, explica a pesquisadora e completa:

“Além disso, a experiência prática me ajudou a vencer o medo de expor ao público e me possibilitou o contato com o instrumental e temática da pesquisa, dando maior segurança para realizar apresentações orais em seminários nacionais e, até, internacionais – como por exemplo, o estágio doutoral realizado no Instituto de Geografia e Ordenamento Territorial – IGOT, da Universidade de Lisboa (realizado entre novembro de 2014 e abril de 2015), sob coorientação da Profª Eduarda Marques da Costa e auxílio do Prof. Jorge Macaísta Malheiros”.

GOIÂNIA

A apresentação de Elcileni Borges contemplou os resultados de uma vasta investigação feita em sete municípios da Região Metropolitana de Goiânia (RMG) a respeito da expansão do mercado imobiliário encadeada pela implantação de políticas públicas como o Crédito Solidário, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa Minha Vida e Cheque Moradia (este último, estadual). Intitulada “Habitação e Metrópole: transformações recentes na dinâmica urbana de Goiânia”, a tese teve como objetivos mapear a produção habitacional da RMG e identificar os impactos na reconfiguração urbana da metrópole goianiense entre 2005 e 2016. “Foi quando se viu aflorar uma nova periferia e novos padrões de segregação residencial e socioespacial”, comentou.

Elcileni Borges conta que duas atividades foram fundamentais para o seu sucesso: os trabalhos desenvolvidos como Gestora Governamental no Governo de Goiás, em especial a participação na equipe de elaboração do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social de Goiás (PEHIS.GO), atuando na Agência Goiana de Habitação (Agehab); e a participação nas pesquisas do Observatório das Metropóles — desde 2003, passei pelo PRONEX, Instituto do Milênio e INCT 2009-2014). “Aproveito para externar meus agradecimentos aos professores Luis César de Queiroz Ribeiro, Adauto Lúcio Cardoso e Luciana Lago, que tiveram grande influência das pesquisas desenvolvidas no TR Moradia”, afirma a pesquisadora.

PERFIL

Elcileni é economista e gestora governamental do Estado de Goiás. Possui uma vasta experiência em estudos urbanos e habitacionais, sendo integrante da equipe do INCT Observatório das Metrópoles. Aos 27 anos descobriu um tumor no nervo auditivo e foi submetida à cirurgia, o que a deixou com deficiência auditiva bilateral. Ela é a segunda pessoa surda a se formar na pós-graduação da UFG. A primeira foi Renata Garcia, que concluiu Mestrado em Ciências da Saúde em 2016.

» Com informações da Assessoria de Comunicação da UFG.