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Revista Brasileira de Estudos Regionais (v.4, n.1, 2016)

O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR), da Universidade Regional de Blumenau (FURB), divulga o novo número (v.4, n.1, 2016) da Revista Brasileira de Estudos Regionais.

A publicação foi criada pela preocupação de se constituir num espaço de debate interdisciplinar qualificado sobre temas relacionados à “questão regional”, sobretudo, no contexto de formações sociais periféricas. Para tanto, são veiculados artigos, ensaios e resenhas, todos inéditos (exceto, se, recentemente, publicados em periódicos não-brasileiros), oriundos de diferentes áreas do conhecimento, especialmente, planejamento urbano e regional, geografia, economia, sociologia e ciência política; mas, acolher-se-ão, também, contribuições provenientes de áreas como arquitetura e urbanismo, comunicação social, direito, serviço social e turismo, entre outras, uma vez que apontem para a temática do desenvolvimento regional.

A seguir o Editorial da nova edição da RBER, assinado por Ivo M. Theis.

Editorial

Eis a RBDR aqui mais uma vez! O primeiro número do quarto volume (2016) da Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional está sendo disponibilizado aos seus caros leitores. Antes, porém, de proceder à apresentação dos artigos que integram esta edição, cabe referir a três pontos.

Um primeiro remete, diretamente, à complexa conjuntura política nacional. No momento em que o presente número da RBDR vem à luz, o Brasil está sendo governado por quem não recebeu mandato popular – após a destituição de quem o recebera (para um período de quatro anos) nas eleições presidenciais de 2014. A trama da destituição ilegítima teve início após as jornadas de junho de 2013, ganhou maior intensidade na polarizada campanha eleitoral de 2014, alcançou seu ápice em ruidosas manifestações de rua ao longo de 2015 (organizadas e protagonizadas pelas forças politicamente mais atrasadas do país) e teve seu desfecho em 17 de abril deste ano, com a votação favorável da Câmara dos Deputados ao “impeachment” da Presidenta Dilma Rousseff. Não houve inocência na articulação dessa trama: por trás da banda podre da política brasileira e dos poderosos meios de comunicação, que conspiraram a céu aberto, havia interesses do grande capital financeiro e de agentes estrangeiros, de olho no filé mignon do patrimônio dos brasileiros. Nesta oportunidade, a editoria da RBDR repudia com veemência a usurpação do poder do povo e expressa seu comprometimento com a causa da plena democracia político-institucional, econômica e social.

Um segundo ponto, este já reiterado em edições anteriores, é pertinente ao esforço de se fazer da RBDR um espaço de debate interdisciplinar, amplo e arejado, sobre temas relacionados à “questão regional”, em especial, no contexto de formações sociais periféricas. Para ir adiante com esse propósito, tem-se buscado publicar artigos, ensaios e resenhas, inéditos (exceto se, recentes ou “clássicos”, tiverem sido publicados em periódicos não brasileiros), com origem em áreas do conhecimento diversas, sobretudo, planejamento urbano e regional, geografia, economia, sociologia e ciência política; quando, porém, se aproximarem de “desenvolvimento regional”, considerar-se-ão contribuições oriundas de áreas como arquitetura e urbanismo, comunicação social, direito, serviço social e turismo, entre outras.

O terceiro ponto: cumpre lembrar, também, que os artigos e ensaios encaminhados à RBDR podem ser de natureza mais teórica, como também apresentar análise mais empírica; consistir em interpretações e exames para o desenvolvimento regional latino-americano (o brasileiro à frente) ou relacionar escalas importantes na explicação de distintos processos do desenvolvimento; e, se for o caso, conferir ênfase aos determinantes causais e destaque à atuação dos agentes/instituições que produzem (ou conduzem à produção de) trajetórias específicas de desenvolvimento no território.

Assim, considerando o acima exposto, pode-se antecipar que os dez artigos da presente edição da RBDR, apresentados brevemente a seguir, atendem plenamente ao perfil que a tem distinguido.

O artigo com que principia o atual número do periódico traz o título “Expulsão do paraíso”. Aí seu autor, Armando de Melo Lisboa, procura desvelar o período de germinação da reflexão econômica moderna, que, no final do mesmo, desabrocha, apresentando-se, inicialmente, como “Aritmética Política”, um saber para o Estado. Num contexto de rupturas que levaram do tomismo/holismo antigo ao atomismo/individualismo moderno, o econômico se desincrustou do tecido social, assumindo sua face mais atual, de forma a impor-se a conflituosa dinâmica em que o enriquecimento privado se emanciparia, contrapondo-se ao interesse público. Neste artigo se examinam, então, três fatores que conduziram a que a economia – ciência desoladora – viesse a ser expulsa do Paraíso.

Em “O trabalho na segunda metade do século XX”, o segundo artigo, Osvaldo Coggiola passa em revista o trabalho no período posterior à Segunda Guerra Mundial. É certo que nos anos que se seguiram ao fim daquele conflito houve expansão econômica, mas com estabilidade apenas no centro do sistema. É que uma onda de guerras e revoluções continuou a varrer as nações periféricas, incluindo as da Europa oriental, da Ásia e da América Latina (aqui, destacadamente, a Revolução Cubana, de 1959-61). Na Europa ocidental, o proletariado também protagonizou situações revolucionárias. Mesmo nos EEUU houve inúmeros conflitos entre trabalho e capital a partir da década de 1950. O objetivo visado é oferecer um quadro mais preciso da realidade do trabalho que se constituiu nas últimas décadas.

Acesse a revista completa no link da Revista Brasileira de Estudos Regionais.