O Grupo de Extensão e Pesquisa Diálogos Urbanos, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e vinculado ao INCT Observatório das Metrópoles Núcleo Fortaleza, iniciou a divulgação da série documental audiovisual “Saberes, Sabores e Afetos: cozinhas comunitárias como tecnologias sociais”. O projeto dá visibilidade ao trabalho de 24 cozinhas comunitárias no território do Grande Bom Jardim, em Fortaleza (CE), em parceria com a Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim, com o Ponto de Memória do Grande Bom Jardim e com o Centro Cultural Bom Jardim.
A série estreou oficialmente na última quarta-feira (25), com a publicação do primeiro vídeo completo no canal do grupo de extensão no YouTube (CLIQUE AQUI). O episódio apresenta a trajetória de uma das cozinhas do território, a “Cozinha Comunitária CPEC Pé no Chão”, vinculada ao “Centro Popular de Educação e Cultura Pé no Chão”, cuja principal liderança é Bernadete Ferreira de Sousa. O CPEC Pé no Chão evidencia seu papel na garantia do direito à alimentação e na construção de redes de solidariedade, afirmando um protagonismo político, democrático e cidadão em um dos territórios mais vulnerabilizados da cidade de Fortaleza, com atuação desde os anos 1980.
Comida, cuidado e resistência
As cozinhas comunitárias do Grande Bom Jardim, um território com 216 mil habitantes, são iniciativas locais que integram a produção e distribuição de refeições a outras ações sociais, como educação, saúde, qualificação profissional e geração de renda, em contato direto com pessoas e famílias de mais de sessenta áreas e comunidades em cinco bairros: Bom Jardim, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira. Vinculadas a associações comunitárias e de catadores de material reciclável, coletivos, grupos religiosos e projetos sociais, essas cozinhas desempenham funções que vão além da nutrição: elas acolhem, mobilizam, cuidam e fortalecem laços comunitários, sendo territórios de resistência diante das violações de direitos e das desigualdades sociais.
A série documental busca:
- Registrar, salvaguardar e dar visibilidade a narrativas e memórias relevantes à constituição urbana, ao movimento popular-comunitário e à luta por direitos e justiça social no Grande Bom Jardim e na cidade de Fortaleza;
- Reconhecer a relevância territorial, cidadã, democrática, social, política e afetiva das cozinhas;
- Visibilizar os conhecimentos, saberes, práticas, artefatos, culturas alimentares e práticas de cuidado e mobilização social produzidas por esses agentes, evidenciando a existência de tecnologias sociais nas periferias;
- Dialogar com o público sobre o papel estratégico dessas instituições e espaços no enfrentamento à fome e às múltiplas violências e violações de direitos que atravessam os territórios, buscando a constituição de políticas públicas territorializadas de segurança alimentar e nutricional;
- Evidenciar o protagonismo político periférico e popular-comunitário da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim, desde o Mapa Participativo de Enfrentamento à Fome do Grande Bom Jardim, gerando dados científicos e popular-comunitários, formulando demandas, recomendações e propostas, atuando de modo pragmático e emergencial, mas também buscando mudanças estruturais e permanentes.
Saiba como acompanhar a série
A cada semana, novas cozinhas serão apresentadas, com conteúdos divulgados diariamente nas redes sociais do Grupo de Extensão e Pesquisa Diálogos Urbanos, incluindo vídeos, carrosséis informativos e materiais interativos nos stories. Os episódios completos, com aproximadamente 20 minutos cada, com entrevistas com as principais lideranças das cozinhas comunitárias, serão publicados semanalmente no canal do grupo no YouTube. Cada cozinha terá também trechos curtos adaptados para Instagram e Facebook, em formato de reels, promovendo maior aproximação com o público geral.
O projeto também culminará em uma exposição pública no território do Grande Bom Jardim, prevista para o segundo semestre deste ano, no Centro Cultural Bom Jardim. A exposição marcará os três anos de constituição da Rede de Cozinhas Comunitárias do Grande Bom Jardim e os dez anos de atuação do Grupo de Extensão e Pesquisa Diálogos Urbanos.
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