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São Paulo (1980-2010): reestruturação produtiva na metrópole global periférica

By 09/10/2014janeiro 23rd, 2018Publicações
Metrópole de São PauloMetrópole de São Paulo

A região metropolitana de São Paulo mantém, ainda no século XXI, o modelo núcleo-periferia como organizador do seu espaço metropolitano em expansão. Esse é um dos resultados do livro “Transformações na Ordem Urbana de São Paulo (1980-2010)”, que o Observatório das Metrópoles irá publicar em 2015. Segundo Suzana Pasternak, vem ocorrendo, nas três últimas décadas, uma reestruturação produtiva na maior metrópole brasileira, com salto no padrão de terciarização da metrópole, não refletindo mais sua base industrial.

 
PROJETO: Transformações na Ordem Urbana das Metrópoles Brasileiras (1980-2010)
O projeto “Transformações na Ordem Urbana das Metrópoles Brasileiras (1980-2010)” representa para o Observatório das Metrópoles a última etapa do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT). O objetivo é oferecer a análise mais completa sobre a evolução urbana brasileira, servindo assim de subsídio para a elaboração de políticas públicas nas grandes cidades e para o debate sobre o papel metropolitano no desenvolvimento nacional. Nesta etapa do projeto, os núcleos regionais estão finalizando seus livros e enviando para o Comitê Gestor fazer a leitura final.
A previsão é de que no ano de 2015 o Observatório das Metrópoles faça os lançamentos dos 15 livros com a análise sobre as transformações urbanas das principais regiões metropolitanas do Brasil.
Leia mais: A metrópole brasileira na transição urbana (1980-2010)
Foco: políticas públicas para a Metrópole de São Paulo
O livro “Transformações na Ordem Urbana de São Paulo (1980-2010)” está em sua fase final de produção, com a revisão do Comitê Gestor do Observatório das Metrópoles e ajustes finais. A previsão é que o livro seja publicado em 2015 com o propósito de ampliar o espaço para políticas públicas com foco na São Paulo metropolitana, além de contribuir para o debate sobre os territórios urbano-metropolitanos no Brasil.
“Estamos vendo também que a iniciativa do Observatório das Metrópoles tem estimulado uma série de outros institutos a se debruçar sobre o tema metropolitano no país. No estado de São Paulo, por exemplo, estamos iniciando diálogo  com a Universidade do Vale do Paraíba e temos procurado sempre contato com pesquisadores da  Unicamp e do Centro de Estudos da Metrópole, ligado ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Além disso, iniciamos também um diálogo com a Universidade Lusófona de Portugal. Os pesquisadores portugueses querem fazer uma análise do tecido social de Lisboa a partir da metodologia da nossa rede de pesquisa”, explica Suzana Pasternak, coordenadora do Núcleo São Paulo do Observatório das Metrópoles.
Suzana conta ainda que para a produção do livro foi formado um grupo de 17 pesquisadores, parte deles integrantes do Núcleo São Paulo do Observatório e vinculados à FAU/USP e PUC-SP, além de colaboradores de outras instituições que já vinham desenvolvendo pesquisas sobre temas que seriam abordados no projeto. Nomes como Cimar Alejandro Prieto Aparício e Vagner de Carvalho Bessa, da Fundação Seade (Governo do Estado de São Paulo); Lilia Montali e Marcelo Tavares de Lima, do NEPP/UNICAMP; e Kazuo Nakano, da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Dos pesquisadores vinculados ao Núcleo São Paulo, nomes como Ricardo Gaspar, Rafael Soares Serrao, João Marcus Pires Dias, Ângela Luppi Barbon, Camila D’Ottaviano, Dulce Maria Tourinho Baptista, Marisa do Espírito Santo Borin, Vera Chaia, Marcelo Barbosa Câmara e Lúcia Maria Machado Bógus (co-organizadora da publicação).
São Paulo: reestruturação produtiva (1980-2010)
A tese central do livro sobre São Paulo é de que o modelo núcleo-periferia, caracterizado pela distância geográfica e social entre as classes, ainda organiza o espaço metropolitano em expansão, em que pese o surgimento de novas configurações espaciais, como por exemplo, condomínios fechados e aumento das favelas, além da redistribuição de unidades produtivas e centros de compra pelo tecido metropolitano.
Suzana Pasternak explica que, embora morar na periferia nos anos 2000 seja distinto dos anos 70, já que água, esgoto energia elétrica e coleta de lixo são praticamente universais na metrópole, o que se percebe na análise das três décadas é que os grupos sociais melhor posicionados na hierarquia social residem sobretudo no município polo, enquanto os municípios periféricos são classificados como populares ou operários populares. Além disso, os distritos que melhoraram sua posição estão quase todos no polo, enquanto na periferia, a proporção de distritos que caíram na hierarquia foi grande.
“Verificamos que os espaços da elite se concentram no setor sudoeste do município central, com alguns enclaves nas zonas norte e leste. Mas a mancha de óleo, a grosso modo, ainda persiste como modelo de localização das camadas sociais, na maior região metropolitana do país. Assim, embora com modificações, o modelo centro-periferia ainda consegue explicar o espaço da metrópole. O desenvolvimento das periferias de São Paulo é uma história de deslocamentos constantes, onde velhas periferias se mimetizam à áreas urbanizadas e novas periferias vão se construindo”, afirma Suzana.
Já no tocante à estrutura socioocupacional, o livro vai mostrar que houve um salto no padrão de terciarização da metrópole, não refletindo mais sua base industrial. “A metrópole se terciariza, perdendo trabalhadores do secundário: a proporção  de  trabalhadores secundários no total de  ocupados em 1980 era de 31,32%, passando a 24,35% em 1991: perda de quase 7 pontos percentuais. Os dados da década de 90 indicam também continuidade da perda, de mais de 3 pontos percentuais, perda esta que aparentemente estanca nos anos 2000”, aponta Suzana e completa:
“Do outro lado, percebe-se aumento dos trabalhadores do terciário especializado, de 15% do total de ocupados para 19% em 2010. Outro ponto é o aumento sistemático dos profissionais de nível superior nas três décadas: aumento de 1,8 pontos percentuais na década de 80, 2,3 pontos percentuais na década de 90 e de 4,8 pontos nos anos 2000”.
Em relação à estrutura socioocupacional, um quadro-resumo que será apresentado no livro “Transformações na Ordem Urbana de São Paulo (1980-2010)”:
• Terciarização, com forte incremento dos trabalhadores do terciário especializado;
• Profissionalização, com forte aumento de profissionais de nível superior
• Perda de ocupações de escritório;
• Ganho dos operários dos serviços auxiliares, e perda dos trabalhadores da indústria moderna e tradicional; verificando-se uma desproletarização relativa;
• Perda dos dirigentes, principalmente dos grandes empregadores, sobretudo a partir da década de 90
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Publicado em Produção acadêmica | Última modificação em 09-10-2014 02:36:45