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Artistas de rua: trabalhadores ou pedintes?

O artigo Artistas de rua: trabalhadores ou pedintes?, de Bruno Buscariolli, Adele de Toledo Carneiro e Eliane Santos, em uma criativa pesquisa de etnografia urbana, apresenta as principais características da interação entre artistas de rua e o público em diferentes horários, localizações e tipos de arte, utilizando-se do método da observação. A pesquisa evidenciou que a performance dos artistas de rua é um fenômeno democrático, porém, de modo geral, esses profissionais são ainda vistos pela população como pedintes, e não como pessoas de carreira artística em construção. Foram também verificados o perfil social dos espectadores, o tipo de arte que apreciam e a localização geográfica da atuação.

O artigo Artistas de rua: trabalhadores ou pedintes? é um dos destaques do Dossiê Especial “Planejamento Urbano e Regional: percursos e desafios”, presente na edição 37 da Revista Cadernos Metrópole.

Abstract

This paper presents the main features of the interaction between street performers and the audience at different times, locations, and types of art, using the observation method. The results enabled us to note relationships among the observed codes, such as the spectators’ social profile and the kind of art they appreciate and to which they contribute financially. Other aspects that influence the interaction with the artist are the age group of the audience and the geographical location of the performance. The research showed that these artists’ performance is a democratic phenomenon but, generally speaking, these professionals are still seen by the population as beggars, not as people whose artistic career is under construction.

INTRODUÇÃO

A arte de rua abrange inúmeros tipos de diversão, como música, circo, teatro, dança, estátua viva e grafite. Cerca de 450 artistas de rua de São Paulo estão cadastrados, divulgam perfil e programação de apresentações apenas no site www.artistasnarua.com.br (Artistas na Rua, 2015). A atuação desses indivíduos ganhou maior notoriedade a partir da sanção da lei municipal 15.776, que dispõe sobre apresentações de artistas de rua nos logradouros públicos do município de São Paulo.

Os números e novas leis parecem legitimar o artista de rua como profissional, importante para a promoção artística e cultural do País. No entanto, “o artista de rua já está numa condição marginalizada no Brasil” Esta é a opinião de Isadora Faro, artista circense que se apresenta nas ruas de São Paulo há quase dez anos.

A realidade é dura. Artistas de rua procuram demonstrar seu valor como trabalhadores, mas boa parte da população ainda os enxerga como pedintes. Duas faces da mesma moeda? Difícil dizer. Trata-se de um fenômeno dinâmico e complexo, que poderia encontrar respostas em aspectos históricos, culturais, políticos e econômicos do Brasil. Talvez, além do contexto amplo, um bom ponto de partida para investigar essa questão seja em um olhar minucioso, orientado para as particularidades e para o cotidiano dos artistas de rua. Quem são eles? Como se apresentam? Em que lugares? Para quem? Como se relacionam com o público? Como o público se relaciona e avalia as atuações deles?

Essa pesquisa se baseia nessas perguntas e tem como objetivo analisar quais são as principais características que envolvem a interação entre artistas de rua e o público. Para isso, foram realizadas mais de 100 horas de observação de performances ao vivo de artistas de rua, principalmente na cidade de São Paulo. Cerca de 40 notas de campo foram elaboradas pelos pesquisadores e serviram de base para codificação e posterior análise dos dados. As principais categorias da pesquisa foram: artista, arte, ambiente, público e interação.

Os resultados são instigantes. Eles indicam que a reduzida visão para negócios e comportamentos ostensivos para arrecadar dinheiro são alguns dos fatores que levam parte da população a enxergar artistas de rua como pedintes. Parece haver um choque de classes econômicas e sociais nos ambientes de apresentação dos artistas de rua, dominados por profissionais com status já adquirido e incentivado pelo público de baixa renda. Existe também um caráter democrático do trabalho dos artistas de rua, em decorrência da diversidade de pessoas e de situações que permeiam o cotidiano deles.

Serão apresentados a seguir o referencial teórico, a metodologia, a análise dos dados, as conclusões e as considerações finais da pesquisa.

Acesse o artigo completo no site da Revista Cadernos Metrópole.