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Por Orlando Santos Junior
Pesquisador e membro do Comitê Gestor do INCT Observatório das Metrópoles

O INCT Observatório das Metrópoles iniciou, em janeiro, uma série de publicações de artigos de opinião, em diversos veículos de mídia de todo o Brasil. O projeto “Observatório das Metrópoles nas Eleições: um outro futuro é possível”, tem abordado, a cada mês, um tema objeto de reflexão dos núcleos regionais da rede. No total, serão produzidos 240 artigos, com o objetivo de incidir na agenda pública no momento eleitoral deste ano. Em abril, o tema abordado foi “Ilegalismos e Serviços Urbanos”.

A política de segurança, as práticas criminais e o controle armado dos territórios populares têm grandes e profundos efeitos sobre a produção do espaço e a vida cotidiana das cidades brasileiras. De fato, a política de segurança é de responsabilidade dos governos estaduais e, muitas vezes, tem sido uma temática negligenciada no debate das eleições municipais.

No entanto, é preciso considerar que as políticas urbanas implementadas pelos governos municipais, sob sua competência e responsabilidade, têm sido fortemente impactadas pelas práticas e representações em torno dos ilegalismos. Apenas para exemplificar: vale citar as operações policiais e seus impactos sobre o cotidiano das favelas e bairros populares, e o controle de inúmeros conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida por grupos armados, tanto do tráfico de drogas como das milícias.

Por esta razão, consideramos que a questão de segurança e dos ilegalismos podem e devem estar na agenda das eleições municipais de 2024. Sobretudo tendo como foco as interfaces com a política urbana, levando como referência a promoção da justiça socioespacial e do direito à cidade.

Nessa perspectiva, a série de artigos sobre “Ilegalismos e Serviços Urbanos” tem como foco quatro temáticas principais: (i) a criminalidade e a violência na produção dos territórios populares e seu impacto na vida cotidiana dos seus moradores, (ii) os ilegalismos urbanos e a regularização fundiária e os serviços urbanos; (iii) a violência policial, as políticas de securitização, a militarização e a milicialização da cidade do medo; e (iv) a informalidade e os ilegalismos com foco no trabalho.

São processos que se constituem em clara ameaça à ordem democrática, por meio da difusão de valores fundados na intolerância e na violência. Está na hora de pensarmos em propostas para uma agenda municipal que contribua para o desenvolvimento de políticas urbanas promotoras de solidariedades locais fundadas na cooperação e na justiça social, em interface com uma nova política de segurança, na perspectiva do direito à cidade.

Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil).

Confira os artigos publicados: