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Pesquisadoras vinculadas ao Observatório das Metrópoles foram contempladas em diferentes categorias dos Prêmios ANPUR 2023. A Revista Cadernos Metrópole também recebeu o reconhecimento, por meio do artigo vencedor do XI Prêmio Milton Santos, publicado em seu dossiê nº 54.

A pesquisadora do Núcleo Curitiba, Marina Sutile de Lima (PPU/UFPR), orientada por Olga Lucia de Freitas-Firkowski, também pesquisadora da rede, venceu o I Prêmio Ricardo Farret de Dissertação de Mestrado, com o trabalho “Desertos alimentares em Curitiba: espacialização do fenômeno na metrópole”. Já a pesquisadora do Núcleo Rio de Janeiro, Ana Lúcia de Paiva Britto, recebeu menção honrosa no I Prêmio de Extensão Universitária, com o projeto “Lutas Urbanas, Tecnologia e Saneamento – LUTeS Maré”. Os resultados foram divulgados no site da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR), na última sexta-feira, dia 05.

A Revista Cadernos Metrópole, um dos principais produtos do Observatório das Metrópoles, foi o periódico que publicou o artigo vencedor do XI Prêmio Milton Santos. Intitulado “Gestão neoliberal da precariedade: o aluguel residencial como nova fronteira de financeirização da moradia”, o trabalho é de autoria de Isadora de Andrade Guerreiro, Raquel Rolnik e Adriana Marín-Toro, e está disponível no dossiê nº 54, “As metrópoles sob governança neoliberal/ultraliberal”, publicado em 2022. O artigo aborda o lucrativo mercado imobiliário popular, onde o aluguel informal é alimentado por remoções, despejos e uma nova geração de políticas públicas de moradia de aluguel, impactando territórios populares e redefinindo a moradia como serviço.

ANPUR destacou inovação temática da dissertação vencedora

O trabalho vencedor do I Prêmio ANPUR Ricardo Farret de Dissertação de Mestrado foi desenvolvido pela pesquisadora do Núcleo Curitiba, Marina Sutile de Lima, do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano da Universidade Federal do Paraná (PPU/UFPR), sob a orientação de Olga Lucia de Freitas-Firkowski. Com o título “Desertos alimentares em Curitiba: espacialização do fenômeno na metrópole”, a ANPUR destacou a escolha do trabalho em função da inovação da temática relacionada à segurança alimentar, no âmbito dos estudos sobre planejamento urbano e regional. Foram 35 dissertações indicadas na primeira etapa e quatro classificadas, onde uma foi selecionada vencedora e outra recebeu menção honrosa.

Abordando um tema de grande importância atualmente no Brasil, onde a fome e a insegurança alimentar se aprofundam, a dissertação avança na perspectiva teórico-conceitual, pois faz um balanço das potencialidades de utilização de um novo conceito, denominado “desertos alimentares”, muito difundido em países como Canadá e Estados Unidos. “Marina não efetua a simples transposição conceitual, inadequada quando tratamos de realidades tão distintas como a brasileira, mas trata do conceito à luz da realidade brasileira, além disso, insere a perspectiva metropolitana, pois, tratar tal tema sem considerar a realidade supramunicipal, não se mostra adequado em tempos de metropolização do espaço”, pontua Firkowski.

Foto: Tony Winston (Agência Brasília).

A dissertação premiada é oriunda de um programa novo e que busca se colocar em face das discussões de relevância no campo do planejamento urbano e regional, evidenciando que a qualidade nem sempre está em razão direta dos processos tradicionais de avaliação dos Programas de Pós-Graduação. “É preciso estar atento para as competências dos processos formativos, que extrapolam as notas atribuídas nas avaliações Capes”, ressalta a orientadora e pesquisadora do Núcleo Curitiba.

Defendida em julho de 2022, a dissertação de Marina Sutile de Lima teve a contribuição de uma banca qualificada no tema do trabalho. Foi constituída pelo professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), José Raimundo Sousa Ribeiro Junior; professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heloisa Soares de Moura Costa e pela professora do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano (PPU) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Letícia Nerone Gadens.

Dentre as suas conclusões, a pesquisa aponta que o processo de produção da cidade e do espaço urbano desempenha um papel relevante na conformação dos desertos alimentares, pois se soma a uma série de precariedades características da realidade urbana e metropolitana do Brasil, com condições de segregação socioespacial, desigualdade, precarização e periferização. Conheça mais sobre os resultados, CLIQUE AQUI.

Parte do conteúdo da dissertação vencedora integrou o capítulo 5 do livro “Reforma Urbana e Direito à Cidade – Curitiba”, intitulado “Capítulo 5 | Desertos alimentares e o (não) Direito à Cidade” (p. 119 a 128).

Projeto de extensão desenvolvido no Complexo da Maré (RJ) recebeu menção honrosa

Divulgação LUTeS

Finalizando os prêmios recebidos por integrantes do Observatório, a pesquisadora do Núcleo Rio de Janeiro, Ana Lúcia de Paiva Britto, do Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROURB/UFRJ), recebeu menção honrosa pelo projeto coordenado por ela, sob o título “Lutas Urbanas, Tecnologia e Saneamento – LUTeS Maré”. De acordo com a presidente do júri do I Prêmio ANPUR de Extensão Universitária e presidente da ANPUR, Camila D’Ottaviano – que também é pesquisadora do Núcleo São Paulo do Observatório –, o processo de escolha foi realizado pelo júri em etapa única, com a seleção dos trabalhos de maior destaque.

O projeto LUTeS Maré tem como objetivo discutir os problemas de saneamento em territórios populares e fomentar, por meio de processos participativos e dialógicos, soluções coletivas de saneamento ecológico. O projeto é desenvolvido através de disciplinas eletivas e atividades de formação técnica para estudantes de ensino médio da rede pública, com enfoque nos temas de saneamento básico, racismo ambiental, tecnologias sociais, trabalho coletivo e economia solidária. Atualmente, o LUTeS ocorre no Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, mas pode ser ampliado para outras escolas da rede pública.

A ANPUR avalia que o projeto possui importante presença no território a partir da sua vinculação com uma escola de Ensino Médio, destacando a mobilização dos estudantes de segundo grau que atuam como monitores do curso, e que passam a considerar a universidade como um lugar possível. Para a ANPUR, é importante salientar suas ações interdisciplinares que envolvem pós-graduandos e graduandos, muitos deles oriundos da própria Maré. Saiba mais sobre o projeto em: www.germinal.org.br.

ANPUR instituiu premiação em 1997

No ano de 1997, a ANPUR instituiu o Prêmio Brasileiro “Política e Planejamento Urbano e Regional”. Premiação bienal que contemplava a produção no campo de atividades nas categorias: livro, tese de doutorado e dissertação de mestrado. Em 2003, foi instituído o Prêmio Milton Santos, para a categoria melhor artigo; em 2012 foi criado o Prêmio Ana Clara Torres Ribeiro, na categoria melhor livro; e em 2016 o Prêmio Rodrigo Simões na categoria de melhor tese de doutorado. Em 2023, a ANPUR lançou a primeira edição do concurso para Extensão Universitária, contemplando projetos, programas e atividades de extensão desenvolvidos no âmbito dos Programas de Pós-graduação filiados. Também em 2023, o Prêmio Brasileiro “Política e Planejamento Urbano e Regional” de Dissertação de Mestrado passou se chamar Prêmio Ricardo Farret, em homenagem a um dos cinco signatários da Ata de Fundação da ANPUR, o professor Ricardo Farret. As informações estão no site da ANPUR.

Atualmente, fazem parte da Diretoria da ANPUR (Gestão 2021-2023), a pesquisadora do Núcleo São Paulo, Camila D’Ottaviano, presidente da Associação; o pesquisador do Núcleo Belém, Raul Ventura Neto, um dos diretores, e a pesquisadora do Núcleo Natal, Sara Raquel F. Q. de Medeiros, também diretora da ANPUR. Outros importantes pesquisadores do Observatório das Metrópoles também participaram no júri dos prêmios.