Skip to main content

Projeto Scenes: entretenimento, consumo e desenvolvimento social

By 29/08/2012janeiro 23rd, 2018Notícias
Chicago

Chicago

Qual a influência das estruturas relacionadas às artes, entretenimento e consumo de uma cidade para o seu desenvolvimento social, econômico e cultural? O Projeto Scenes, desenvolvido pelo sociólogo Terry Clark e seu grupo de pesquisadores na Universidade de Chicago, volta o olhar para as “cenas urbanas” e as chamadas “amenities” – formas de entretenimento e lazer vinculadas ao consumo – para explicar as transformações verificadas nas cidades e os impactos desse consumo na vida social, na cultura urbana e nas atitudes políticas dos indivíduos.

O núcleo Rio de Janeiro do Observatório das Metrópoles recebeu, no dia 21 de agosto, no IPPUR/UFRJ, a pesquisadora Cristina Sakamoto, doutoranda da Universidade de Chicago, que apresentou as principais ideias do Projeto Scenes e discutiu com os pesquisadores do instituto a possibilidade de trabalho com o Observatório para a inclusão do Brasil no projeto das “cenas urbanas” que atualmente está sendo desenvolvido nos EUA, França, Espanha, Alemanha, Coreia e Japão.

O encontro marcou a segunda aproximação entre o INCT Observatório das Metrópoles e a Universidade de Chicago. Em 2007, o instituto brasileiro participou no Brasil da aplicação de um questionário internacional sobre a nova cultura política – survey desenvolvido pelo grupo do sociólogo Terry Clark com o objetivo de definir um conjunto de indicadores capazes de apontar os padrões de comportamento/atitudes políticas das pessoas.

“Estamos numa nova rodada de interação com o grupo de Terry Clark, agora olhando de um outro viés para a dimensão urbana. O Projeto Scenes interessa ao Observatório das Metrópoles por dois motivos: primeiro pela perspectiva de pensar a cidade pela perspectiva do consumo; em segundo lugar, porque o projeto vê a transformação da cidade não só como o lugar do consumo, mas de um novo tipo de consumo que os americanos chamam de “divertimento” ou “lazeração”, que tem a ver não só com o consumir mas também com o fazer”, explica o coordenador do Observatório, Luiz Cesar Ribeiro.

“E esse segundo ponto tem relação direta com os megaeventos, que hoje estão presentes no Brasil com os preparativos para a Copa 2014 e Olimpíadas 2016. Os megaeventos representam esse novo tipo de consumo e de utilização da cidade como palco-objeto, onde os indivíduos não são apenas usuários, mas também produtores das coisas que consomem”, afirma.

Cenas urbanas e “amenities”

O Projeto Scenes surgiu com o propósito de investigar como a cultura e as “amenities” – tais como música, arte, teatro, restaurantes e praia – contribuem para a vitalidade de uma comunidade e cidade. No livro “A Theory of Scenes: The Structure of Social Consumption”, de Daniel Silver, Terry Clark e Lawrence Rothfield, os autores afirmam que a teoria das cenas representa uma nova maneira de entender a vida urbana.

Mas como quantificar o impacto das experiências culturais de forma padronizada e de modo a entender o desenvolvimento urbano? A proposta do Scenes é registrar padrões de consumo expressos pela presença de diferentes tipos de amenities, como base para buscar correlações com outras teorias; ou seja, buscar entender a sociedade a partir do que ela consome. Além disso, é importante compreender a qualidade e o contexto das amenities, subvariações, como se organizam geograficamente, etc; como também codificar todas essas informações sobre amenities em uma banco de dados, a partir do qual pode-se traçar análises.

Mas como caracterizar uma cena urbana e como ela é construída? A teoria das cenas reúne três elementos: 1) Bairros, Vizinhanças ou Zonas (áreas); 2) Estruturas físicas ou espaços (amenities) e 3) Distinções de perfis de acordo com raça, classe, gênero, educação etc. A combinação desses elementos resulta no tipo de consumo da população.

Os valores gerados desse consumo são caracterizados em três dimensões: 1) legitimidade (definição de uma maneira certa ou errada de viver); 2) teatralidade (uma maneira de ver e ser visto por outros); e 3) autenticidade (significativo senso de identidade). Essas dimensões são divididas ainda em sub-dimensões como igualitarismo, tradicionalismo, exibicionaismo, localismo, etnia, transgressão e o espírito corporativo. As dimensões são combinadas de diferentes formas em diferentes lugares.

Para mais informações sobre o Projeto Scenes, acesse o site da Universidade de Chicago aqui.