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Apresentamos a Revista Eletrônica de Estudos Urbanos e Regionais e-metropolis nº 46! Perspectivas diversas unem artigos com temas relevantes e atuais, como geografia do voto em contexto metropolitano, arte de rua, memória e identidades urbanas em áreas industriais inativas, nesta nova edição que é composta por cinco artigos científicos, seção especial e ensaio fotográfico.

Escrito por Lindijane Almeida, Terezinha Barros, Raquel Silveira e Larissa Marinho, o artigo de capa “A geografia do voto e o engajamento metropolitano dos deputados estaduais do Rio Grande do Norte” trata da disputa eleitoral e a gestão metropolitana no estado potiguar. Ao identificar a existência de “deputados metropolitanos” e analisar sua atuação legislativa, as autoras encontram a ausência de identidade metropolitana entre esses atores políticos eleitos, e aponta para a existência de ações paroquiais que se contrapõem à necessária coordenação em benefício da gestão e do reconhecimento de uma questão metropolitana.

Ilustração do arquiteto e urbanista Renato Mãozão.

Em “O estudo da arte de rua como um fenômeno urbano e prática espacial na geografia”, Carolina Lima aborda o relacionamento entre a produção do espaço urbano e a produção da arte urbana nas cidades contemporâneas, a partir de uma revisão teórica sobre o tema e a análise de três casos latino-americanos: Medellín, na Colômbia, São Paulo e Belo Horizonte, no Brasil. As conclusões do artigo apontam que a arte consegue denunciar as contradições resultantes da produção do espaço, ao mesmo tempo que as reações a ela aprofundam tais contradições.

No artigo “Espaços industriais inativos: valorização da memória e identidade urbanas a partir do conceito ‘terrain vague’”, Carolina Galeazzi, a partir da observação da demolição de uma fábrica no subúrbio carioca, evidencia a necessidade de questionar a renovação da cidade, considerando a ruptura com o passado e a constante ocupação de espaços vazios. Assim, o texto busca também fomentar a discussão sobre os espaços industriais e a valorização da memória como identidade da paisagem e da vida urbanas através da análise de três renovações em contextos industriais diferentes.

Com o título instigante “A cegueira espacial da justiça: o papel do Poder Judiciário para a promoção de remoções em obras de urbanização”, o artigo de Ana Carolina Tavares e Ana Cláudia Cardoso posiciona o Poder Judiciário como agente da operacionalização de intervenções de urbanização do PAC na Bacia do Tucunduba, em Belém (PA). As autoras partem da investigação do papel do Poder Judiciário ao ser chamado a resolver conflitos entre Poder Executivo e populações a serem removidas, seja quando há falta de acordo em relação às compensações ou quando ocorrem ocupações irregulares em áreas já desocupadas ou em conjuntos habitacionais semifinalizados.

Encerrando a seção de artigos, Arthur Zanella, em “Metrópoles em camadas: os rastros da Tramway Cantareira no Jaçanã”, busca verificar se o antigo eixo ferroviário entre o centro de São Paulo e seu aeroporto internacional deixou rastros dessa modalidade de transporte sobre as vias que hoje ocupam seu lugar no bairro do Jaçanã. Por meio de uma cartografia fotográfica e comparativa, os usos e formas urbanas, o artigo demonstra a perenidade desses rastros como hegemonia de escalas nas vias.

A cidade enquanto lugar fundante da democracia é ponto de partida para a convidativa análise desenvolvida por Robert Pechman no texto da Seção Especial, intitulado “O padeiro, a democracia e a cidade”. Para além de reflexão livre sobre a relação entre a dimensão política da democracia e a vida urbana, Pechman busca uma maneira de ver como essa dimensão se manifesta na cidade, no que ele chama de filigranas, nos comportamentos cotidianos e banais, que são tão bem representados pelas narrativas literárias e que expressam de maneira veemente a condição humana na cidade. Trata-se de um olhar para a “pequena urbanidade”.

Fecha o número o Ensaio Fotográfico “Representações fronteiriças da cidade: A arte de rua como direito à cidade em Curitiba”, de Luiz Henrique Oliveira, que expressa sua busca pela arte de rua enquanto uma expressão da luta pelo direito à cidade em Curitiba. Mais do que marcas da arte na cidade, as imagens, segundo o autor, representam fronteiriças: nas fronteiras entre a apropriação e o entendimento, entre a fruição e o registro, entre o pensar e o sentir, entre a ciência e a arte, entre a realidade e a representação, entre o pesquisador e o cidadão, a criação e a destruição, o permanente e o efêmero, os fixos e os fluxos.

Curitiba, São Francisco (2015). Foto: Luiz Henrique Rubens Pastore Alves de Oliveira.

Para acessar a edição completa da e-metropolis nº 46, CLIQUE AQUI.

Publicada trimestralmente pelo Observatório das Metrópoles, a e-metropolis tem por objetivo suscitar o debate e incentivar a importância da difusão e divulgação científica do campo dos estudos urbanos e regionais. As edições mantêm uma estrutura composta por duas partes. Na primeira, encontram-se os artigos estrito senso, que iniciam com um artigo de capa, no qual um especialista convidado aborda um tema relativo ao planejamento urbano e regional e suas interfaces, seguido dos artigos submetidos ao corpo editorial da revista e aprovados por pareceristas, conforme o formato blind-review.

Já a segunda parte é composta, em geral, por entrevistas, resenhas de obras recém-lançadas (livros e filmes), seção especial – que traz a ideia de um texto mais livre e ensaístico sobre temas que tangenciem as questões urbanas – e, finalmente, ensaio fotográfico, que faz pensar sobre as questões do presente da cidade por meio de imagens fotográficas.