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Na noite de 14 de março de 2018, nove tiros foram disparados contra o carro que a vereadora do PSOL Marielle Franco usava para deixar um encontro com jovens mulheres negras no centro do Rio de Janeiro. Mulher e negra, Marielle Franco era uma exceção em espaços de poder no Brasil. Sua atuação na política era pautada pela defesa dos direitos humanos, com uma agenda que tratava sobretudo da violência praticada pelas milícias, grupos criminosos que contam com policiais, assim como a praticada pela própria polícia ou contra a instituição. Ela marcava posição contra o racismo e o machismo. Sua morte brutal ocorreu no momento em que o Rio de Janeiro passa por uma intervenção federal na segurança pública com participação das Forças Armadas.

Pouco mais de uma semana depois do assassinato de Marielle Franco, oito jovens foram mortos na favela carioca da Rocinha em uma ação da Polícia Militar. Os policiais afirmam que faziam patrulhamento e reagiram a tiros. Moradores afirmam que invadiram um baile funk e atiraram em inocentes. No mesmo dia, cinco jovens de entre 16 e 20 anos foram assassinados no Conjunto Residencial Carlos Marighella, uma unidade do programa Minha Casa Minha Vida em Maricá. Segundo a Polícia Civil, eles foram vítimas da ação de milicianos, que extorquem comunidades no Rio de Janeiro. A meio país de distância, 13 ônibus foram incendiados em Fortaleza, que vive disputas entre facções criminosas e uma explosão da taxa de homicídios.

O Brasil responde por um em cada dez assassinatos registrados no globo. Assim como a paixão pelo futebol, a diversidade cultural, ou a desigualdade, a violência é um traço que marca e distingue a sociedade brasileira.

O INCT Observatório das Metrópoles divulga a série especial “Um país que mata” produzido pelo NEXO JORNAL, com dados de 20 anos de homicídios no país e as explicações para o crime que é uma epidemia nacional.

Para Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, “a violência tem se mostrado um recurso de poder, uma forma de impor a vontade de uns (minorias, elites) contra a vontade de outros (governados, subalternos, trabalhadores de modo geral, pessoas comuns).”

Veja a séria especial no site do NEXO.