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Neste artigo, Elise Savi e Fabíola Cordovil analisam a difusão das ideias de planejamento urbano aplicadas pelo arquiteto Jorge Wilheim no Plano Diretor de Curitiba e de Maringá, no estado do Paraná. Ideia como a dos “eixos lineares” presente no projeto da década de 1960 volta à tona com a transformação de uma avenida em Maringá em boulevard.

O artigo “Da rua ao boulevard: a influência da proposta dos eixos estruturais lineares de Jorge Wilheim em Curitiba, no planejamento urbano de Maringá/PR”, de Elise Savi e Fabíola Cordovil, é um dos destaques da edição nº 17 da Revista eletrônica e-metropolis. O trabalho retoma aspectos do processo de planejamento urbano e regional do Paraná, na década de 1960, com o objetivo de mostrar suas ressonâncias na atualidade. Foi a partir da proposta de regionalização constante no Plano de Desenvolvimento do Paraná, elaborado pela SAGMACS em 1963, que foram concebidos os planos diretores de desenvolvimento dos principais municípios paranaenses, como o de Curitiba em 1966, o de Maringá em 1967 e o de Londrina em 1968.

 

Abstract

We analyzed the diffusion of urban planning ideas applied by architect Jorge Wilheim in the development master plan of Curitiba, in the 1960’s, into the city of Maringá. Favorable conjunctures made possible the knowledge transference between the capital and the inner cities, such as the planning strategies formulated by the Government of Parana for regional development, beyond the studies of SAGMACS (Sociedade para Análises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais) which oriented the elaboration of Development Master Plan of Maringa in 1967.The proposal of linear axes from Curitiba influenced Maringá plan, which wasn’t executed. Recently this concept resurfaced with the transformation of Avenida Colombo into a residential axis, called boulevard. The urban parameters of densification are similar to Curitiba’s, which is turned to major purchasing power classes.

 

INTRODUÇÃO

A formação da cidade de Maringá, localizada no norte do estado do Paraná, partiu de um plano urbanístico projetado e viabilizado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná – CMNP, dentro de um empreendimento agrícola imobiliário de ocupação de 515 mil alqueires no norte e noroeste do Paraná. A história da ocupação do norte paranaense vincula-se à evolução da cultura do café no Brasil.A cafeicultura estabeleceu-se como a principal atividade da economia paranaense a partir de meados da década de 1940. Sobre o processo de ocupação do norte e noroeste do estado, o geógrafo Pedro Calil Padis (1981, p. 117) assegura que “…não constitui nenhum exagero afirmar-se que a história da ocupação desta área confunde-se, amplamente, com a evolução da economia cafeeira ali registrada”.

Maringá foi desenhada pelo engenheiro paulistano Jorge de Macedo Vieira através de “concepção fortemente permeada pela ideia de cidade-jardim de Ebenezer Howard, entre outras influências europeias e norte-americanas” (Cordovil; Rodrigues, 2010). O projeto foi totalmente executado em 1947, ocupando uma área de 1.583,66 ha, considerando abrigar uma população de 200.000 pessoas (Luz, 1997). Atualmente possui 385.753 habitantes (IBGE, 2013). O plano inicial se destaca por uma série de elementos que lhe atribuem qualidade urbanística, entre eles verificamos a preocupação de Vieira em hierarquizar as vias, destacando avenidas largas (35 a 45 metros de largura) e ruas locais (16 a 20 metros de largura). As vias foram cuidadosamente adequadas à topografia do sítio, levando em consideração o sistema de drenagem urbana. Aliado a isto, o urbanista reservou dois grandes bosques com reserva de mata nativa que perduram até hoje contribuindo, juntamente com a farta arborização urbana, para a imagem de cidade verde.

O percurso principal de acesso à cidade e de escoamento de mercadorias era constituído, em sentido longitudinal ao plano, pela Avenida Brasil e a linha férrea (figura 1). Ambas formavam o eixo rodoferroviário de penetração criado pela CMNP para facilitar o acesso a novas áreas e permitir o escoamento rápido e seguro à produção da região, além de assentar núcleos urbanos básicos de colonização ao longo do eixo. Nesse eixo, inseriram-se inúmeras ramificações e nos cruzamentos localizaram-se as cidades. Todos os lotes eram articulados por caminhos e havia nas proximidades um centro comercial (Monbeig, 1984). Portanto, a Avenida Brasil dava acesso aos municípios de Sarandi e Londrina pelo leste e de Paranavaí e Campo Mourão pelo oeste. O plano era delimitado a norte pela Avenida Colombo.

A abordagem deste texto trata de resgatar as propostas apresentadas no Plano Diretor de Desenvolvimento de Maringá, de 1967, para o ordenamento viário da cidade, e a aproximação destas propostas com a solução apresentada para Curitiba, considerada por Oliveira (2000)o único exemplo de sucesso no campo do planejamento urbano brasileiro.

 

Acesse o artigo completo na edição nº 17 da Revista e-metropolis.