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Apresentamos o novo dossiê da Revista Cadernos Metrópole, cujo os artigos buscam examinar, no âmbito nacional e local, os impactos da crise sobre as dinâmicas imobiliárias e sobre o financiamento habitacional. Com o tema “Cidades à venda: lógica imobiliária em tempos de crise“, a nova edição traz análises sobre as transformações na produção imobiliária e seus vários desdobramentos na produção do espaço urbano das metrópoles e grandes cidades brasileiras.

Organizado por Adauto Lucio Cardoso e Camila D’Ottaviano, coordenadores do projeto “Direito à Cidade e Habitação” do INCT Observatório das Metrópoles, o dossiê também pretende contribuir para a compreensão da estruturação recente do espaço urbano brasileiro no momento de inflexão ultraliberal da ordem urbana brasileira.

Segundo os organizadores, diante dos processos de reestruturação do imobiliário e dos efeitos da crise sobre o setor, ganha importância a avaliação das consequências dessa crise sobre o processo de financeirização das empresas, sobre a possibilidade de manutenção – ou de reversão – de padrões de reestruturação produtiva promovidos durante o ciclo expansionista, entre outros temas de relevo.

A edição apresenta 16 artigos inéditos, de pesquisadores de todas as regiões brasileiras, organizados a partir de três blocos temáticos. O primeiro bloco traz análises a partir da escala nacional, já o segundo apresenta textos com análises sobre o imobiliário em cidades ou regiões metropolitanas específicas e, por fim, o terceiro bloco contém três artigos com temáticas distintas, porém complementares.

No primeiro artigo, intitulado “Dinâmica econômica e imobiliária: periodização dos macrodeterminantes dos anos 2000 e 2010“, Beatriz Tamaso Mioto propõe uma periodização dos macrodeterminantes do desenvolvimento imobiliário no Brasil nos anos 2000 e 2010. Com isso, a autora busca articular a dimensão macroeconômica às dimensões setorial e institucional, organizando variáveis que auxiliem a interpretação dos fenômenos econômicos que impactam a produção do espaço.

O segundo artigo, “Financeirização do imobiliário no Brasil: uma análise dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (2005-2020)“, dos pesquisadores Ramon da Silva Torres, João Bosco Moura Tonucci Filho e Renan Pereira Almeida, faz uma análise do processo de financeirização do imobiliário brasileiro partindo da ótica da securitização e de demais mecanismos financeiros criados no período.

O artigo dos pesquisadores Juliana Bacelar de Araújo e Cassiano José Bezerra Marques Trovão, “A retração no mercado de trabalho da construção (2012-2019): Brasil e RMSP“, a partir da análise da retração do mercado de trabalho na construção civil, em especial na construção de edifícios, identificou a redução do número de empregos formais, dinâmica acentuada em 2015-2016 e, desde 2020, pela pandemia da Covid-19.

Isadora Fernandes Borges de Oliveira e Beatriz Rufino analisam a atuação das grandes incorporadoras na provisão de moradia no ciclo recente, com o artigo “As grandes incorporadoras, o segmento econômico e a desconstrução da promoção pública habitacional“.

O artigo “Financeirização imobiliária em dois momentos: da produção à ocupação via proptechs“, de Rafael Kalinoski e Mario Procopiuck, analisa o impacto do capital financeiro na transformação da produção imobiliária a partir da produção específica direcionada à comercialização via plataformas digitais.

Complexo imobiliário-financeiro na financeirização em dois momentos. Fonte: elaborado por Rafael Kalinoski e Mario Procopiuck (2021).

Em “O setor imobiliário habitacional pós-2015: crise ou acomodação?“, Raphael Brito Faustino e Luciana de Oliveira Royer analisam o setor imobiliário habitacional após a crise de 2015, tendo como premissa a pergunta “crise ou acomodação?”.

Encerrando o primeiro bloco, o artigo “O e-commerce e os fundos imobiliários logísticos: estratégias de captura de rendas imobiliárias“, de Maira Magnani e Daniel Sanfelici, propõe um estudo do processo de financeirização do setor logístico brasileiro, partindo da hipótese de sua estreita relação com a atuação dos fundos de investimento imobiliário, incorporando, inclusive, o impacto da pandemia da Covid-19 no setor.

Abrindo o segundo bloco, o artigo “Capital incorporador e ciclos imobiliários em Belém“, de autoria de Raul da Silva Ventura Neto, analisa os efeitos intraurbanos da atuação das incorporadoras de capital aberto na Região Metropolitana de Belém, com base na leitura dos ciclos imobiliários ocorridos na região.

Carolina Maria Pozzi de Castro e Letícia Moreira Sígolo examinam a dinâmica recente do mercado imobiliário residencial na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), no artigo “A oferta residencial na retração imobiliária da metrópole paulistana nos anos 2000“.

Na sequência, Alexandre Mitsuro da Silveira Yassu, no artigo “O galpão logístico e a financeirização urbana: da flexibilidade produtiva ao imobiliário“, apresenta um estudo sobre expansão dos galpões logísticos – novo produto imobiliário decorrente da demanda crescente de grandes varejistas e do comércio digital – na cidade de Cajamar, principal polo logístico da RMSP.

O artigo “Dinâmica imobiliária da habitação em bairros adjacentes ao centro de Porto Alegre/RS“, de Nicole Leal de Almeida e Heleniza Ávila Campos, trata de estudo sobre as dinâmicas imobiliárias recentes no IV Distrito da cidade de Porto Alegre, a partir da compreensão dos impactos dos novos arranjos imobiliários na tentativa de ressignificação desse setor urbano adjacente à região central da cidade.

Fabiana Moro Martins e Gislene de Fátima Pereira apresentam uma análise sobre o mercado imobiliário habitacional de outra capital da região Sul: Curitiba. O artigo “Produção imobiliária de habitação em Curitiba na década de 2010: algumas reflexões” é resultado de pesquisa sobre os empreendimentos de habitação multifamiliar concluídos em Curitiba entre os anos de 2010 e 2018, identificando principais atores e características dessa produção e seus efeitos no espaço urbano.

No artigo “O instrumento da outorga onerosa em Fortaleza como estratégia imobiliária de valorização imobiliária“, as arquitetas Camila Rodrigues Aldigueri e Sara Vieira Rosa mostram como o mercado imobiliário local se apropriou do instrumento da outorga onerosa como potencializador da acumulação de capital.

O terceiro e último bloco traz o texto “A reinvenção globalizada dos territórios criativos: do contexto global ao nacional“, de Caio Cesar Marinho Rodrigues de Souza e Gerardo Silva, que propõe um debate sobre como a economia criativa está reconfigurando os espaços das cidades.

A seguir, Nayana Corrêa Bonamichi analisa as dinâmicas demográficas e do mercado imobiliário na favela do Vidigal, Rio de Janeiro, nas últimas décadas, no artigo “Favela olímpica e pós-olímpica: dinâmicas demográficas e no mercado imobiliário do Vidigal“.

O último artigo, “Indicadores habitacionais brasileiros: uma análise comparativa da série histórica 1995-2018“, de Rhaiana Bandeira Santana e Vanda Alice Garcia Zanoni, apresenta um estudo sobre os indicadores habitacionais brasileiros, a partir de séria histórica sobre o Déficit Habitacional e o cálculo de Inadequação de Domicílios iniciada em 1995.

Revista Cadernos Metrópole surgiu em 1999 como um dos principais produtos do Observatório das Metrópoles e tem como principal objetivo difundir os resultados da análise comparativa entre as metrópoles brasileiras. A revista é produzida em parceria com a EDUC (Editora da PUC-SP). Conheça a história do nosso periódico nesse post da Scielo (clique aqui).