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Camila D’Ottaviano e Thais Velasco
Grupo Habitação & Cidade

Entre os dias 14 e 17 de março, ocorreu no Rio de Janeiro o Seminário “Direito à Cidade e Habitação: Extensão Universitária e Movimentos Sociais”, que reuniu pesquisadores da rede Observatório das Metrópoles e interlocutores das pesquisas na área do direito à moradia digna. Durante o evento ocorreram reuniões de pesquisa, uma oficina aberta e visitas técnicas a diversos locais de pesquisa no Rio de Janeiro.

O Seminário foi organizado pelo grupo Habitação & Cidade, com coordenação dos professores Camila D’Ottaviano (FAUUSP), Adauto Cardoso (IPPUR/UFRJ) e Renato Pequeno (UFC). O objetivo central foi a interlocução entre os projetos de extensão coordenados pelos professores e demais experiências vinculadas às pesquisas do grupo.

A programação do seminário contou, principalmente, com visitas técnicas em campo, buscando aproximar pesquisa-extensão-sociedade civil. Foi elaborado um calendário onde os pesquisadores pudessem percorrer iniciativas coletivas convergentes, com presença no território das pesquisas e projetos de extensão desenvolvidos pelo grupo Habitação & Cidade, que dialogam com as produções acadêmicas da rede.

As visitas foram realizadas em territórios com presença de organizações sociais que possuem diálogo históricos com pesquisadores do Núcleo Rio de Janeiro do Observatório das Metrópoles. Esses espaços trabalham relações práticas que envolvem conhecimentos e tecnologias sociais vinculadas às questões urbanas e sociais relacionadas ao desenvolvimento urbano.

O seminário teve início com uma visita à Solano Trindade, em Duque de Caxias/RJ, ocupação organizada pelo Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM/RJ) desde 2014. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é responsável pelo desenvolvimento de projeto de ensino-pesquisa-extensão na ocupação que inclui frentes de trabalho de regularização fundiária, projetos urbanístico e de arquitetura, organização do trabalho coletivo na produção de alimentos e na requalificação dos prédios e experimentação de tecnologias alternativas na construção civil, infraestrutura urbana e agroecologia.

Na tarde do dia 14, foi realizada uma oficina no IPPUR/UFRJ, como o tema Universidade, Movimento e Território, onde foi discutida a relação do território com os projetos de extensão, além do compartilhamento de experiências dos convidados, com foco voltado para o questionamento de como a universidade e suas atividades de extensão, pesquisa e ensino retornam para a comunidade, através de uma construção coletiva e dialógica. Foram apresentadas diferentes soluções para os desafios enfrentados na promoção de moradias, bem como formas de melhorar a qualidade de vida das pessoas, através da organização popular. A oficina contou com a participação dos professores Adauto Cardoso (IPPUR-UFRJ), Camila D’Ottaviano (FAUUSP), Luciana Lago (NIDES-UFRJ) e Renato Pequeno (UFC), e dos pesquisadores e lideranças Shirley Rosendo (Redes da Maré), Tainá Alvarenga (Observatório das Metrópoles), Jurema Constâncio (UMP-RJ), Alan Brum (Instituto Raízes em Movimento e IPPUR-UFRJ) e Fernanda Petrus (FCTUC, Universidade de Coimbra).

Figura 1 – Oficina Universidade, Movimentos e Território, no IPPUR/UFRJ. Crédito da foto: Thais Velasco.

O Seminário também incluiu visitas aos projetos do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades: Conjunto Esperança, em Jacarepaguá, e Manuel Congo, edifício reformado no centro do Rio de Janeiro. Nas visitas, os pesquisadores foram recebidos, respectivamente, pelas lideranças Jurema Constâncio (UMP-RJ) e Lurdinha Lopes (MNLM).

Na Manuel Congo, além das unidades habitacionais, os moradores contam com espaços coletivos e um restaurante aberto ao público, que é uma experiência de geração de renda promovida pelo movimento social (saiba mais sobre a iniciativa).

Também foram feitas duas visitas no Complexo da Maré, a primeira relacionada ao Projeto LUTeS – Lutas Urbanas, Tecnologia e Saneamento, que é uma iniciativa do SOLTEC-NIDES/UFRJ em parceria com a Germinal ATE, o Laboratório de Estudos de Águas Urbanas da FAU/UFRJ, o Data Labe e a Taboa Engenharia. A professora Luciana Lago, que participa deste projeto de extensão, conduziu a visita abordando os temas do saneamento básico, racismo ambiental, tecnologias sociais e políticas públicas de educação popular na Escola Estadual João Borges de Moraes. Durante a visita, os estudantes bolsistas do projeto puderam contar um pouco dessa experiência e relatar suas perspectivas quanto ao projeto.

Na segunda visita ao Complexo da Maré, os pesquisadores foram recebidos por Shirley Rosendo, coordenadora do eixo Direitos Urbanos e SocioAmbientais (DUSA) do Redes da Maré, que acompanhou o grupo pelo território, apresentando iniciativas e ações realizadas pela organização. Através da visita, foi possível estabelecer trocas sobre as ações de extensão da UFRJ e as ações práticas estabelecidas no território.

O Seminário também foi marcado por reuniões de pesquisa, nas quais foram discutidos os projetos em andamento e o planejamento das atividades 2023-2024 do grupo na rede Observatório das Metrópoles, com o intuito de fomentar novas iniciativas de pesquisa e extensão universitária.

O Seminário explicitou ainda mais a potência da extensão universitária como ferramenta essencial para a construção de pontes entre a academia e a sociedade. A apreensão do território e a articulação com os movimentos sociais organizados desempenham um papel fundamental, uma vez que são agentes ativos na construção de soluções coletivas e na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

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